quinta-feira, 12 de abril de 2012

o final feliz.



Todos os dias eles chegam discutindo. Mas hoje foi incomum. " Eu estou estudando só para ganhar um cachorrinho". Eu conhecia esse tipo de frase. O menino continuou: " Eu estou tirando notas boas só para ganhar um cachorro e eu tiro nota boas sem nem estudar, eu estudei só um pouco e tirei A em matemática".
A tradicional discussão entre mãe e filho, que acontece todos os dias no começo ou final da manhã, quando ela traz ele da aula, me fez lembrar a minha infância e a minha adolescência. Sempre cresci com cachorros. Quando eu tinha 8 anos minha mãe disse que tinha uma surpresa para mim, eu perguntei se era uma "bolinha da copa do mundo", já que estávamos na copa de 1998, ela disse " Não, é outra bolinha". Foi então que eu ganhei a Dolly, com cabelo todo bagunçado, parecia uma ovelha e por isso veio nome. Dolly, era também a primeira ovelha a ser clonada.
Em 2001 eu tive que trocar de cidade, a gente até tentou adaptar a dolly, que tinha sido criada livre na rua, em um apartamento, mas não adiantou. Eu chorava e chorava, mas não teve o que fizesse meus pais deixarem eu ficar com ela. Ela acabou ficando com meus avôs, até que uns três anos depois, quando meu avô faleceu, minha vó preferiu não ficar mais com ela e a doou para uma empregada. Nunca mais fui visitá-la, pela distância e acho que de certa forma para bloquear qualquer sofrimento.
Passei anos pedindo um novo cachorro, nos tradicionais 15 anos, em que as meninas pedem grandes festas, eu pedi um cachorro. Me vejo como esse menino, querendo um cachorro para alegrar a sua vida, pois eles alegram mesmo. Os pais sempre acabam cedendo e com a minha mãe não foi diferente. O meu novo cachorro teve uma história engraçada. Foi comprado pela internet e meu dindo hiperativo pegou ele em Porto Alegre, óbvio que ele escolheu o cachorro mais agitado. Ele era um Scotsh Terrier lindo, tão lindo que parecia um ET e o nome ficou Alf. Alf perturbou a nossa vida durante um bom tempo e a gente amava ele justamente por isso. Era impossível não notar a presença dele, tanto quanto acabamos notando a ausência. Pois, ele se foi e da pior maneira que um cachorro pode ir, a gente teve que escolher sacrificar ele, para ele não sofrer mais. Foi um processo traumatizante, eu diria. Pois, por anos me senti culpada por isso. Achei que não poderia ter outro bicho que ele acabaria se indo.

Até que em 2009 minha colega me mostrou uns gatos que tinham sido achados em uma caixa de papelão na rua, aí eu adotei a Bali. Cada mês de vida dela, era uma vitória para mim. Meses depois, um amigo meu ganhou uma cachorra com a qual não poderia ficar e me ofereceu. Foi assim que a "Tao" entrou na minha vida. Hoje a Bali já está com mais de três anos e a Tao completa três em setembro. Depois desse passo vencido, de vencer o medo de perder, veio o passo de multiplicar. Cruzamos a Tao no seu último cio, estamos esperando pelos filhotinhos, mas ainda não temos certeza da gravidez. De tudo isso, me fica uma reflexão: que a vida sempre segue em frente e que temos que enfrentam os medos para multiplicar a felicidade. Sobre certas coisas da vida, não temos o mínimo controle, somos impotentes. Temos que saber aceitar. Depois, temos que saber superar. Não adianta ficar tentando não sofrer mais para sempre, temos que enfrentar os medos e permitir que a gente possa ser feliz de novo.

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