domingo, 28 de novembro de 2010

"Já dei mil voltas pela cidade,Achei toda força de verdade bem dentro de mim"

Esses dias alguém veio me falar que tal pessoa era de tal jeito e que ele tentou mudar tal pessoa e que ela foi a pessoa, mas que voltou a ser a pessoa que era. Pensei? Que diabos, como assim? Desde quando agt é uma só pessoa? Desde quando agt não tem mil pessaos diferentes dentro da gente? Desde quando coisas externas não influenciam em quem agt é. Seremos diferentes, com pessoas diferentes, é óbvio.
Sempre disse que agt não se conhece muito bem, que agt nunca sabe como se comportaria diante de determinadas situações. Eu tenho certeza que não me alimentaria de pessoas mortas,como fizeram aquelas pessaos que cairam de avião aquela vez, para sobreviver. Mas será mesmo que meu instinto de sobrevivência não falaria mais alto nesta hora?
Eu fui um tanto quanto extremista no exemplo, mas o que eu qero dizer, é que pra nós mesmos já é difícil nos conhecermos, imagina para outra pessoa. Esses dias também alguém tava contando que viu o espírito sair do corpo enquanto dormia. Que baita loucura. Mas se tu for pensar a existência é uma baita loucura mesmo. Os sonâmbulos, por exemplo, fazem tudo dormindo. Ou seja, eles não tem idéia do que estão fazendo mas seu corpo está executando movimentos, falas e etc. A mesma coisa quando as pessoas bebem demais, aparentemente elas não tem controle do que fazem. Ou seja, até que ponto agt tem controle?
Se a gente morasse na Índia, teria idéias completamente diferentes do que temos nesse país. Com pais diferentes, talvez preferencias políticas também diferentes. Conhecendo um mestre ou em uma grande situação de desespero, tavez uma outra religião.Então como dizer " eu sou isso" ou " eu sou aquilo". Não, não sou droga nenhuma. Graças aos céus, posso ser uma pessoa em cada momento, pq estou crescendo sempre. Como diria o texto de Marta Medeiros, pessoas interessantes mudam de cabelo, de cidade e de prato preferido. Eu, por exemplo, poderia dizer há anos atrás que adorava strogonoff, o que não como de jeito nenhum atualmente. Mas pq ? Pq por irônia do destino, acho que essa mudança na minha " personalidade" fez com que eu me encontrasse mais perto de mim. E se é tão difícil definir quem somos, a única coisa que importa é a capacidade de se encontrar consigo mesmo, sempre:

"Onde quer que você esteja, relembre de si mesmo, que você é. Essa consciência de que você é deve tornar-se uma continuidade. Não seu nome, sua nacionalidade. Essas coisas são fúteis, absolutamente inúteis. Basta lembrar-se que: Eu sou. Isso não pode ser esquecido. Caminhando, sentado, comendo, falando, lembre-se de que: Eu sou.

Isso será muito difícil, bem árduo. No começo você continuará esquecendo: só haverá uns momentos quando você se sentirá iluminado, então isso desaparece. Mas não se sinta miserável; mesmo uns poucos momentos são muito. Continue, sempre quando você puder lembrar novamente segure o fio. Quando você esquecer, não se preocupe, lembre-se de novo, e aos poucos os intervalos diminuirão, os intervalos começarão a desaparecer, uma continuidade irá surgir.

E quando sua consciência se tornar contínua, você não precisa usar a mente. Assim não há nenhum planejamento, desse modo você age a partir de sua consciência, não a partir de sua mente. Portanto não há nenhuma necessidade de qualquer desculpa, nenhuma necessidade de dar qualquer explicação. Assim você é o que quer que você seja; não há nada para esconder. O que quer que você seja, você é. Você não pode fazer mais coisa alguma. Você só pode ficar num estado de contínua lembrança. Através dessa lembrança, dessa mentalidade, surge a autêntica religião, surge a autêntica moralidade.

Isso é o que os Hindus chamam de auto-lembrança, o que Buda chamou de mentalidade correta, o que Gurdjieff costumava chamar auto-relembrar, o que Krishnamurti chama de consciência. Essa é a parte mais substancial da meditação, lembrar-se que: Eu sou.

Você não precisa repeti-lo na mente, “Estou caminhando”. Se você repeti-lo, isso não é lembrança. Você precisa estar não verbalmente cônscio de que ‘Estou caminhando, estou comendo, estou falando, estou escutando’. O que quer que você faça, o ‘Eu’ interior não deve ser esquecido; isso deve permanecer.

Isso não é auto-consciência. Isso é consciência do eu. Auto-consciência é ego. Consciência do eu é asmita…pureza, somente estar cônscio de que ‘Eu sou’.Geralmente, sua consciência está dirigida para o objeto. Você olha para mim: toda sua consciência se move na minha direção como uma flecha. Mas você está flechado em direção a mim. Auto-lembrança significa que você precisa ter uma dupla-flecha: um lado dela mostrando-se a mim, outro lado mostrando-se a você. Uma dupla-flecha é auto-lembrança." (osho)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

"A ruína é uma dádiva"



Olá!

Estive sumida eu sei! E talvez eu continuasse, afinal amanhã de manhã tem gravação de tarde trabalho, academia e inglês. A versão final da mono será entregue na terça.Quando também tem prova, e na segunda a banca de Projeto experimental. Além, do trabalho de foto II. Enfim, acho que já deu pra perceber que foi realmente difícil escrever nos últimos meses.Também pq passei boas horas da minha vida estudando, não sei bem pra que e pq, mas estudando.

Mas hoje foi impossível não escrever! Alguns posts atrás, eu escrevi que não costumava chorar nem por decreto antigamente e que hoje choro até em comercial. Pois é, acabo de passar duas horas e vinte minutos chorando. Fui ver comer, rezar e amar no cinema e bem dizendo, chorei desde que o filme começou.

Hoje na prefeitura alguém tinha me dito que foi ver o filme e que o filme é de "mulherzinha". Acho que bem pelo contrário. Eu não sou "mulherzinha" e me indentifico muito com a personagem, talvez por isso tanto choro. Também pq como já tinha lido o livro sabia toda a história e sabia também que ela tem muito mais profundidade do que o filme é capaz de passar.

Me identifiquei já no começo do filme, quando depois de um relacionamento infeliz ela resolve pedir o divórcio...quando ela toca nos móveis e simplesmente não se reconhece na sua vida. Afinal, ela não tem tudo o que queria ? Não foi essa vida que ela planejou? O que está errado?

Odeio essa história de "tu tens tudo o que tu quer e deveria estar feliz". Acho que a gente pode ter tudo, e estar completamente infeliz. O que muitas vezes, acontece. Não estou dizendo que estou infeliz, mas desde pequena tenho uma ponta de angústia dentro de mim. Não consigo me imaginar acabando a faculdade, tendo um trabalho "comum", morando pro resto da vida na mesma cidade, casando, tendo filhos e "deu". Tá certo, não é simplesmente "e deu", essa vida pode ser uma baita vida pra muita gente. Mas por bem ou por mal, nunca foi assim comigo. Pensar em tudo isso, sempre me deu medo. Sempre teve um sentimento que falou mais alto, de fazer algo diferente, realmente significativo. Talvez conhecer o mundo, talvez escrever um livro, não sei bem.Mas se assemelha e muito com o que a personagem faz. Fica óbvio assim, pq escolhi o jornalismo. Pq achei que seria ele que possibilitaria fazer algo diferente.Talvez eu acabe fazendo como "todo mundo faz", mas pelo menos vou poder dizer: eu tentei.

Não acho que ela foi mulherzinha. Quantos de nós teria coragem de abrir mão de uma vida confortável pra percorrer o mundo em busca de si mesmo, sem certeza nenhuma de que se acharia em algum outro lugar?! Quantos de nós já não passou 10 anos vivendo mecanicamente e nunca tentou se encontrar com "Deus"? ( Seja lá como ele se manifeste).

O amor pode ser uma resposta para tudo no mundo, talvez ele nos traga esse sentimento de que realmente a vida vale à pena. Mas esse amor de marido, mulher e filhos eu imagino na minha vida daqui uns dez anos... Antes dele quero ver tantas coisas, fazer tantas coisas, descobrir o mundo e a mim mesma! Até pq nos relacionamentos que vejo atualmente, o amor que eu acredito não está presente! Não posso acreditar em um amor feio. É isso que costumo dizer para resumir o que acredito que seja o amor: O amor é lindo! Simples assim, o amor é lindo! E todos esse sentimentos feios, não fazem parte do amor, nós que criamos eles: posse, ciúmes, controle, violência, desrespeito, mentira...Não posso acreditar em um amor que controla e que não liberta, não posso acreditar em um amor que não é simplesmente verdadeiro e feliz.

Enfim, acho que realmente a gente precisa primeiro se encontrar, pra depois tentar amar ao outro. Se nós não aceitamos, como aceitaremos o outro? Como nos perdoarmos por não sermos perfeitos e como perdoarmos aos outros?

Eu,por exemplo, graças a Deus ou a minha mente, tenho plena consciência do quanto sou dura comigo mesma, do quanto me cobro, do quanto tento não me acomodar, crescer, amadurecer e evoluir sempre! Obviamente também vou fazer isso com os outros.

Por isso, mais uma vez me debulhei em lágrimas quando alguém na Índia leva a personagem ( embora eu esteja falando "a personagem" é uma história real vale lembrar) à um belo lugar e manda que ela fique ali até que se perdoe por tudo. É fato, quando a gente se perdoa é como se os outros nos perdoassem. E se eles não nos perdoarem, por termos feito alguém sofrer, a única coisa que podemos fazer é desejar luz e paz e esquecer.

Acabei de dizer que me cobro demais. Mas em outra parte que morri chorando no filme, a personagem escreve uma carta para um ex-namorado, onde diz que a "Ruína é uma dádiva", a idéia se repete quando o mesmo "alguém" de antes diz a ela que para subir ao topo é preciso descer lá em baixo. Acredito nisso, só explorando a escuridão, batemos de frente com nós mesmos, com nosso defeitos.Assim, com consciência, podemos aceitá-los e deixá-los ir embora, levar uma vida mais leve.

É na ruína, na descontrução, nessa fase confusa de quem está acabando a faculdade e tem que escolher um caminho a trilhar, um lugar para ir...que a essência prevalece e nós mostra quem somos de verdade e o que queremos. Que pode ser absolutamente nada, apenas nos encontramos com nós mesmos. Deixar a vida ser, aceitar a verdade. E sorrir, com o estômago. Afinal, você pode amar o mundo inteiro!

Vi um sociológo falando uma vez, que para as mulheres de baixa renda o papel que elas desempanham é o de mãe. Elas não tem muitas opções, logo se identificam com este papel na sociedade.Não tenho nada contra filhos, mas como já disse lá em cima, acho isso super saudável e lindo com uns 30 anos, quando eu tiver maturidade para isso. Enquanto isso vou buscando o meu papel. Jornalista? Não, essa é a minha atividade! A minha palavra? Se um dia eu descobrir, eu juro que venho e conto.


Osho, meu mestre amado, para acabar esse post:

"É possível amar o mundo inteiro... O amor nunca deveria ser possessivo... Não deveria ser exclusivo, e sim inclusivo...... As pessoas deveriam amar... O amor não deveria ser apenas um relacionamento:deveria ser um estado do ser... E sempre que você ama uma pessoa, através dela ama a todos..."

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

“Cultivating contentment is crucial to maintaining peaceful coexistence.”


Eu estava bem ansiosa para fazer o programa da Terapia holística. Além de, achar o tema super interessante, a Maitê que trabalha comigo no programa já tinha conhecido o cara e disse que ele saiu decifrando tudo da vida dela. E só acertou. No trabalho com a Terapia holística, como ela lida com energias, é importante que o cara saiba “intepretar”a energia da pessoa, é preciso muita sensibilidade e talvez até um dom prévio. Perguntei isso pra ele nos bastidores, da sensibilidade, e ele falou que às vezes só de ver como uma pessoa anda já dá pra “sacar” a personalidade dela.

Esperava que ele falasse algo assim de mim que nem falou pra Maitê, mas tirando um mísero “te cuida para não ter problemas futuros” na hora de ir embora, não falou nada. Até agora não entendi a mensagem, alguns autores que lá ele coloca que influenciam ele, como o KrishnaMurti e é claro Fritjof Capra. Falei que no meu projeto final também falava da visão holística dentro do jornalismo. Ele disse que seria complicado responder a questão “O que é terapia holística?” pq é uma questão que tem muitas complexidades. Então falamos sobre isso, sobre como é complicado não tratar as coisas de maneira superficial na TV devido ao pouco tempo e também à compreensão de quem olha. No programa de Homeopatia o médico entrou na questão da física newtoniana e quântica. É uma questão muito importante e para mim essencial na compreensão da homeopatia,mas, alguém em casa vai entender ? Tu podes até ser didático e explicar que sempre houveram questões dadas como certas na ciência que com o tempo foram quebradas, e que hoje a física quântica questiona os padrões do que é certo na ciência e trata de questões como a relatividade e energia. Mas mesmo assim será um choque cultural para muita gente tu dizer que conseguiram provar que as moléculas são capazes de andar para o positivo e para o negativo, ou seja, o tempo não é linear, ele pode ser negativo. mas to me cuidando sim. Bom, mas agora pensando bem ele pode ter dito algo de maneira indireta.

Pra conversa fugir do óbvio, falei que tinha entrado no blog dele e que tinha me identificado com alguns autores que lá ele coloca que influenciam ele, como o KrishnaMurti e é claro Fritjof Capra. Falei que no meu projeto final também falava da visão holística dentro do jornalismo. Ele disse que seria complicado responder a questão “O que é terapia holística?” pq é uma questão que tem muitas complexidades. Então falamos sobre isso, sobre como é complicado não tratar as coisas de maneira superficial na TV devido ao pouco tempo e também à compreensão de quem olha. No programa de Homeopatia o médico entrou na questão da física newtoniana e quântica. É uma questão muito importante e para mim essencial na compreensão da homeopatia,mas, alguém em casa vai entender ? Tu podes até ser didático e explicar que sempre houveram questões dadas como certas na ciência que com o tempo foram quebradas, e que hoje a física quântica questiona os padrões do que é certo na ciência e trata de questões como a relatividade e energia. Mas mesmo assim será um choque cultural para muita gente tu dizer que conseguiram provar que as moléculas são capazes de andar para o positivo e para o negativo, ou seja, o tempo não é linear, ele pode ser negativo.

Assim, tu acaba com toda referência que uma pessoa teve a vida inteira. E a saída mais fácil nesse caso para a maioria dos seres humanos é a negação. O que eu considero correto e o que eu tenho como referencial é isso e deu. Meu orientador fala disso em um texto dele, que em uma mundo onde se tem cada vez mais possibilidades, em que na internet tu pode ir atrás de qualquer coisa, em qualquer lugar do mundo, as pessoas buscam as suas referências. Elas podem estar com contato com qualquer coisa, mas buscam os amigos, buscam o que conhecem, levam as coisas da sua vida para a rede. E cada vez mais negam o que seja diferente à isso, ao seu universo comum.

Mas como me disse o cara da Terapia Holística, as pessoas são diferentes e a graça da vida é a justo a troca. Entender e aceitar essas diferenças. E se elas absorverem pelo menos um tantinho do que foi falado, já fico feliz. Pq a grande maioria das coisas que a gente vê ou é tão repetitivo ou é tão superficial que entra aqui e sai ali, não absorvemos nada. Ahhhh, mas serve como “entretenimento”. Ah, sem falar quando não é propaganda .Então hoje acho que a gente tá numa crise e é preciso reconhecer algumas coisas. Jornalismo e entretenimento são duas coisas diferentes.. E pra fazer o que algumas pessoas fazem por aí, não precisa mesmo de diploma.Precisa de diploma pra ir cobrir uma “balada” em que as perguntas são sempre as mesmas? Então não venha nos enfiar lixo goela abaixo querendo dizer que é jornalismo.

Mas não posso ser tão radical. É isso que tenho que aprender e isso foi a coisa que ele me disse no meio da conversa. Começamos a falar sobre as pessoas que tem tudo que querem, mas não são felizes. Ele me disse que essas pessoas não são felizes porque estão indo contra os seus instintos, porque imaginaram que iriam ser felizes com o que quer seja que façam ou desempenham e não são. Às vezes são mimadas, sempre tiveram tudo que quiseram e de repente as coisas não são como elas querem, certas coisas elas não controlam e daí vem a frustração. Mas o que se aplicou ao meu caso é o seguinte: Às vezes as pessoas não aceitam o mundo.Elas não aceitam que ele seja do jeito que é. E tudo que a gente emana volta pra gente. Ou seja, se tu for resistente com o mundo ele será contigo. Conclusão minha, ele tá certo. O negócio é ser mais tranqüilo mesmo. Tranqüilo e não idiota do tipo “Foda-se o mundo é uma merda mesmo”. Mas tranqüilo pra aceitar isso mas ter a certeza que o que tu pode fazer por ti e pelos outros também tu ta fazendo. Mas mudar o mundo, só mudando todas as pessoas. É o que penso do sistema também. Tanto faz o sistema implantado, se os governantes, ou seja, o ser humano, não for justo, a sociedade também não será. Acho que falta muito para que todos queiram só a paz e o amor. Mas queria um dia poder ver isso =) Enfim, contentamento. A vida tem muita coisa linda além de todas as feias. A noite não faria sentido sem o dia, a felicidade sem a tristeza, calor sem o frio e por aí vai...

sábado, 18 de setembro de 2010

Amor rejuvenescer...



O vô e a vó na ibiraquera há muitos anos, adora essa foto =)

Stress faz envelhecer.

Essa semana foi extremamente agitada e acabei não tendo tempo pro blog apesar de muitas vezes ter vontade de escrever . No geral minha rotina tá tranqüila, mas essa semana a gente teve gravação do documentário e atividades extras sempre geram alterações de rotinas que complicam um pouco a vida da gente. Pelo menos é só editar semana que vem e deu. Sexta foi o pior dia de todos. Era nosso último dia pra gravar e uma atividade extra me fez acordar antes das sete da manhã. Fui dormir às 4h da manhã, sem intervalos. Isso pode ser normal para algumas pessoas, mas para mim realmente não é. Apesar de desde pequena me envolver em várias coisas, gosto de ter tempo pelo menos pra parar e pensar um pouco e não só reproduzir de maneira mecânica. Podem dizer que eu escolhi a profissão errada, uma profissão sem hora, sem turno e que em muitas casos faz com que a tua vida profissional esteja em primeiro plano e o resto tudo em segundo, mas acho que não. Acho que mesmo no jornalismo existem alternativas para uma vida equilibrada. Fazer informativos e guias de hotéis/pousadas e a temporada da baleira fraca no rosa é um belo exemplo.

Bom, para as coisas ficarem ainda mais caóticas, faziam três semanas que eu não via meu orientador. Ele só tá na cidade nas sextas. Na primeira semana não ia ver ele já estava combinado, tinha o Intercom e ele também estava lá. A partir de então, ele não respondeu mais aos meus emails. Cheguei sexta passada na sala de pesquisa pra tentar falar com ele e a orientanda de iniciação científica esperava desde às três horas da tarde por ele, que estava numa reunião na reitoria. Eram 5h, desisti. Além dela, ele orienta eu e mais dois alunos de trabalho final, além de um doutorando. Todos na sexta. Isso não é uma reclamação, ser orientada por uma pessoa com tanto conhecimento como ele é uma honra, mesmo aos trancos e barrancos assim. E apesar de todo conhecimento e do nome que ele tem na comunicação,é a pessoa em quem até hoje eu vi a maior capacidade de simplificar, chega a ser didático com a gente às vezes.Além de ser super querido.

O problema é que ele não gosta muito de computador e não tinha conseguido abrir meu arquivo. Acho que ele não me avisou imaginando que eu ia procurar ele lá, como aconteceu ontem. Só que isso aconteceu em meio as gravações, fui lá ver se conseguia falar com ele mas já tinha que sair para uma entrevista. E foi aí que meu mundo desabou. Ele falou que ia corrigir a parte teórica que era pra eu enviar de novo e que era pra eu prosseguir no trabalho. Imaginei que ele ia me liberar para a parte prática. Afinal de contas, no começo do ano ele tinha pedido pra eu fazer pré-observações de anos dos jornais que eu pretendia analisar(2). Acabei analisando mais profundamente umas cem edições de cada um. E fiz a partir daí o texto pelo qual é pra eu sempre me guiar. Depois eu fiz o estado da arte, o referencial teórico e comecei a descrição dos meios. Meu trabalho já tá com 60 páginas sem as embromações de capa, bibliografia e etc. Enfim, achei que era a hora da prática, tem dissertação que tem 100 páginas e se as coisas continuarem nesse ritmo...

Enfim, me enganei. No meio da minha correria ele pediu pra eu analisar mais uns dois anos de edição de cada jornal, dependendo do meu fôlego, mas mais ou menos isso. Análise quantitativa, com algumas referências à enunciados e algumas figuras anexas. Isso acabou me deixando muito nervosa, pq comecei a pensar que semana que vem agt tem que editar o doc. E já vai ser outubro, novembro...e tenho que entregar (além dessas análise tenho que fazer a prática mesmo, entrevistas, análise das rotinas produtivas dentro da redação)....E ainda queria mandar mais um artigo que ele tem que olhar pra mim pro simpósio de pesquisa e extensão q só vai até semana que vem e o pior de tudo: queria que ele me ajudasse a fazer meu projeto. No meio do nervosismo consegui piorar as coisas, deu uma pani na minha cabeça e confundi as datas do projeto. Semana que vem ele estará no Ceará, ou seja, só poderia ser orientada uma semana depois e nas minhas contas o projeto era para mais uma semana.

Amanheci doente hoje, gripada. Fui olhar minhas anotações com calma e vi o erro que tinha cometido de datas e atucanação à toa. Pensando tranquilamente, fica claro que vou conseguir fazer a observação e “dar conta de tudo”. Consegui organizar meu cronograma bem, to lendo/estudando um livro por semana, vou conseguir estudar os 10, fazer o projeto e levar o programa, continuar com as pesquisas...Além, de ir no inglês, no yogalates, me alimentar direito, cuidar de mim! Enfim, sei que esses até dezembro a vida não vai ser tão simples, mas a gente dá um jeito.

Essa semana o programa foi sobre Terapia Holística. E pensando bem eu ter acordado gripada fez bastante sentido. Numa hora como essa de correrias, que a gente guarda o sábado pensando “que bom que vem o sábado, vai dar tempo de fazer tudo que tá atrasado” quando vem uma doença tudo muda , a gente pensa “tinha que ser logo agora”. Daí comecei a lembrar de algumas doenças “graves” que tive. A mais “grave” foi uma infecção intestinal, eu tava na sexta série. A professora nos deu um monte de termos de ciência para nós fazermos um “dicionário de ciências”. Era um caderno onde cada página era uma letra com os termos e seus significados, ela deu uma lista grande, mas claro que rolava a competição de quem tinha mais. Eu queria ter muitos, juntei as enciclopédias lá de casa e me pus a escrever. Mas achava que não ia dar tempo. Pimba, fique doente. Tive que entregar bem depois o trabalho.

No terceiro ano, bem na metade do ano, quando eu tinha que decidir se ia ou não fazer cursinho, pra onde eu queria ir e essas coisas assim, tive outra infecção. Nunca foi pressão dos meus pais, sempre me deixaram o mais leve possível pra eu fazer o que quisesse, agora a mesma coisa. Minha mãe é a pessoa que mais me tranqüiliza, falando que eles vão fazer tudo pra que eu consiga ir para onde eu quiser e fazer o que eu quiser. Meu pai querido me manda sites de intercâmbio por email. Uma viagem, sim uma viagem. Mas breve, meu objetivo principal no momento é me aprofundar ainda mais no jornalismo.

Mas voltando ao assunto doenças. Enfim tudo que eu querida dizer com isso é das ligações da saúde com os aspectos mentais e emocionais. A terapia holística é isso, ela vê a doença não só como um aspecto físico, mas resultado de algum desequilíbrio. O mental e o emocional influenciam no nosso estar bem ou não. Aprendi essa lição. Hoje, por exemplo, domingo, tinha que acompanhar minha querida colega de pesquisas Carol nos questionário que ela vai aplicar às dez da manhã. Típico da minha personalidade, ou seja, se sacrificar, eu iria sem essa reflexão. Mas adianta eu ir lá espirrando dez vezes de cinco em cinco minutos? Não faço melhor para mim descansar minha mente e o meu corpo e me recuperar... Já fui teimosa hj e mesmo doente fiquei estudando pra terminar meu livro, então chega um pouco, descansa ananda, relaxa. Prometo nesse post totalmente auto-biográfico e destinado só a mim mesma, fazer tudo da maneira mais tranqüila do mundo para não surtar nesse fim de semestre. obrigada, obrigada e obrigada!
Beijo.

domingo, 12 de setembro de 2010

" A ignorância é uma benção"


Gosto de House, mas não tenho o costume de olhar sempre. A minha mãe adora, acho que é por causa do humor negro e sadismo haha. Engraçado que esses dias fui olhar com ela e quem dormiu foi ela. Mas o que interessa aqui não é isso, é o episódio desses dia, que reflete uma dúvida que há anos paira sobre minha mente.

Vou tentar resumir a história: Havia um cara que era um verdadeiro gênio, QI altíssimo, mas com o tempo tinha deixado de ser tão inteligente e estava muito mal de saúde e ninguém sabia o pq. Acharam então um remédio e alcool, a substância combinada fazia com que ele ficasse menos inteligente. Ao ser indagado descobriram a verdade, ele fazia uso proposital do medicamento pq realmente queria ficar mais burro. O cara então conta sua história, após tentar se matar pulando de um prédio de oito andares, não morreu e foi para o hospital, onde dopado conheceu a sua mulher. A diferença entre os dois era de 90 pontos de QI . Dopado de remédios se apaixonou por ela.Sóbrio e sem medicamento ele não suportava ficar com alguém com inteligência tão inferior a sua. Mas não queria parar de tomar a medicação, ele olhava pra ela e ela era tão burra e tão feliz e ele era tão inteligente e tão infeliz. Foi então que o House proferiu a frase " A ignorância é uma benção".

Sempre me questionei sobre esse assunto, afinal de que maneira se ligam conhecimento e felicidade? Ontem lia um texto da vida simples sobre mais ou menos " como ser feliz" e dizia para viver, aproveitar, enfim, não pensar muito. Nunca consegui ser assim, não quero me fazer de boazinha aqui, mas sempre achei egoísta ser feliz e pronto com tantas coisas erradas no mundo, com tanta gente sem ter nem o que comer,afinal, isso é justo?

Com o tempo cheguei à conclusão que só eu estando bem poderia ajudar os outros. E também que pensar demais é realmente um problema. Uma pessoa próxima a mim e com inteligência bem acima da média me disse uma vez que falava com as pessoas como se elas fossem " crianças". Já pensou nisso? Um exemplo do outro lado, não que a pessoa tem inteligência inferior, mas acredito que normal, me disse o seguinte: " Meu professor de filosofia chegava na aula e perguntava: O que é melhor ser um sócrates infeliz ou um porco feliz?" e arrematou: " eu preferia ser um porco, porcos tem 30 minutos de orgasmo". Essa é a verdadeira pergunta: melhor um porco feliz ou sócrates infeliz?


Juro que não ia escrever este post, mas hj esse assunto veio de novo ao meu encontro. Estavámos hoje reunidos no Marcelo e eu no computador. Daí ele pediu pra eu colocar um vídeo que eles tinham visto e achado engraçado o título é " Vaquejada no povoado poço" e tem no youtubiiu pra quem quiser conferir. À princípio achei engraçado o vídeo, parece um bando de "nordestinos" dançando de maneira engraçada. É evidente que alguns deles tão muito bêbados. Aí como tava no pc começei a olhar os comentários, eram páginas e páginas de discussões. Entre questões economicas, méritos de os nordestinos construirem ou estragarem são paulo, acusações de preconceito a questão ressurgia, pessoas falando que não era engraçado rir das pessoas e ter preconceitos com nordestinos ou então que o vídeo era ótimo que mostrava a cultura de um povo. Alguns falavam que eles eram ignorantes, mas que eram felizes e isso era o importante. Fenômeno recente no twitter @gracecarioka também nos faz rir pela sua burrice e humildade, nada mais é do que um fake de uma pessoa ignorante, pobre, que mora no morro e escreve tudo errado.

Entre tantas incertezas, acho que é complicado pensar demais, o senso crítico pode realmente atrapalhar o exercício pleno da felicidade. Ou ter senso crítico pode ser uma maneira de felicidade? Felicidade é os nordestinos bêbados dançando ou passar anos em processo de auto-conhecimento e viver em êxtase eterno? Sinceramente, já não sei.Acho que a felicidade simplesmente é, não cabem muitos questionamentos. Quando estamos felizes sentimos isso e isso basta, pensar em méritos, julgar se ela é superficial ou profunda, já não cabe a mim.

sábado, 11 de setembro de 2010

O que tu és? O que tu gostas? O que tu queres?



Não quero comodidade, quero simplicidade. Não quero altos e baixos, mas quero que meu coração vibre mesmo na calmaria.Por causa de toda minha teimosia, virei compreensiva, até demais. Mas ainda sou durona quando decido que não, porém sou tão teimosa que mesmo quando a vida me traz tantos nãos ainda acho que sim. Mudo fácil, me adpato, de cidade em cidade, já é a quinta, virá a sexta...Faço laços, mas tenho laços mais profundos que o tempo nesse coração. Gosto de praia, mas gosto de montanha, campo. Gosto da alegria do verão e do aconchego do frio. Gosto de ser independente, mas adoro um mimo. Não gosto de ficar doente, costumo ignorar as doenças, mas às vezes preciso de dengo. Não chorava nem por decreto, agora choro até em propaganda. Posso passar dias em casa lendo, escrevendo e vendo filmes, posso passar dias na praia fazendo uma festa atrás da outra com amigas. Sou águas paradas, porém profundas. Sou também um furacão quando quero. Sou teoria, mas acho essencial a prática. Sou equilíbrio e insanidade, nas mesmas medidas. Yin e Yang. Era a mais carnívora da família, hoje só como peixes e frutos do mar. Sou natureba, mas às vezes tudo que preciso é de uma coca-cola. Às vezes gosto do luxo, às vezes tudo que preciso é a rede na casa de praia. Sou racional, mas posso passar horas recortando e colando figuras pra fazer um mural de figuras em uma esteira de praia. Falo horrores, mas quando a coisa é importante, só sei escrever. Não tenho paciência pra comprar roupas, mas posso passar horas em um supermercado. Gosto das mais variadas músicas, e pra falar verdade, danço qualquer coisa. Acordo fazendo passos de dança pela casa, no elevador, na rua, em festa, não gosto muito de dançar. Adorava chocolate, atualmente não sinto muita vontade de comer doce.Enfim, sou tantas.Como dizer agora quem sou, o que eu realmente gosto e o que realmente quero da vida? Hoje parei um momento e vi que tinha alguém do meu lado, sempre. De repente nos encontramos de maneira profunda. Pq agt passa tanto tempo juntas e nem sempre temos um tempo assim pra se encarar tão de frente. Depois de tantos altos e baixos, danos psicológicos e emocionais, pensei que estava na hora de eu procurar um psiquiatra, psicológo, terapeuta holístico, homeopata, enfim, qualquer coisa...Mas me encontrei comigo mesma e rimos juntas. Entre tantos textos, livros de auto-ajuda e filosofias baratas só tenho uma conclusão sobre a vida: Se o coração tá tranquilo e a gente tá feliz, assim feliz profundamente, rindo sozinho, é pq tá tudo certo.


Se as coisas não estão assim, sacude a poeira e dá a volta por cima, é sempre tempo de tentar o novo. Jamais abra mão do seu bem estar por outra pessoa.Não me venha com essa história de "bem"e "mal", como coloquei aqui, todos somos muitos e a vida é cheia de ironia, não culpe ninguém pela sua infelicidade, ser feliz só depende de você. Quem é dependente de alguém, não ama essa pessoa. Suga ela, destrói todas as possibilidades do amor e da felicidade verdadeira. Assim, quando transbordamos de amor, somos capazes de dar amor por livre e espontânea vontade, sem se preocupar com retribuições. Quem ama esperando alguma coisa, acaba realmente infeliz e frustrado. O amor livre e espontâneo permite que a gente possa amar muitas pessoas ao mesmo tempo, dar e receber amor, e que quando alguma pessoa que amamos sair das nossas vida pelos mais diferentes motivos vamos saber agradecer pelos bons momentos que crescemos e compartilhamos juntos e ficaremos felizes. E isto basta. Sempre digo, o amor é lindo e perfeito. Qualquer sentimento feio como ciúmes, inveja, sofrimento, tristeza, egoísmo e tantos outros, nada tem a ver com ele. Mas afinal, será que estamos preparados? Could you be loved and be loved?




domingo, 22 de agosto de 2010

jornalismo?

Não sei pq eu ainda leio a Veja, é só pra me irritar.Nunca gostei da Veja. Mas tudo bem, nós futuros jornalistas temos que ler de tudo que passa na nossa frente, de "The Economist" até "Gloss" ( outra revista que sempre me irrita).Bom, o fato é que esses dias peguei a Veja na casa de alguém pra ler e vi uma reportagem que me deixou sensibilizada. A reportagem mostrava como vários projetos internacionais importantes tinham deixado de investir no Brasil por causa das propagandas que o Lula fazia no exterior quando falava sobre o país ter melhorado . Fiquei sensibilizada ao olhar quanto dinheiro tinha deixado de vir para o país para ajudar crianças pobres, por exemplo.
Mas foi nesse momento de comoção sentimental que parei tudo e pensei " Que diabos de matéria é essa?". Não gosto da Veja pq me irrita uma revista que parece só ter como princípio detonar o PT, não amo o PT mas não me acrescenta muito as reportagens que a Veja faz exageradas e muitas vezes manipuladoras contra o partido. O negócio é o sensacionalismo, transformar uma coisinha em uma baita coisa.

Parei e pensei"Que diabos, o Brasil tá muito melhor mesmo!". O Brasil conseguiu se estabilizar graças ao Plano Real e a economia implantada pelo FHC e o Lula soube utilizar muito bem o período favorável na economia e assim ajudou e muito as populações mais carentes.
E afinal de contas, o Brasil hoje não faz parte do BRIC ( Brasil, Rússia, Índia e China= as maiores economias em desenvolvimento do mundo) ? Tá certo que ainda precisa de melhorias em muitos aspectos, mas tenho certeza que essas organizações internacionais vão depositar esse dinheiro que deixa de vir para cá em lugares que precisam muito mais atualmente. Como a própria matéria citava, em países como os africanos. Ou nós queremos viver pra sempre dependendo de doações do exterior? O Brasil precisa ser auto-suficiente e independente.
Em alguns aspectos. Já na história " A amazônia é nossa" sou contrária. A minha opinião é : a Amazônia deveria ser de quem cuidasse melhor. Talvez precise ser regulamentada internacionalmente, por institutos sérios como Greenpeace, o principal por denunciar a "Farra do Boi". Em um país em que ainda se acha lindo derrubar a principal reserva do mundo para o futuro para colocar Gado no lugar e desertificar o solo, que a bancada ruralista consegue sempre adiar a floresta legal, meus queridos, nesse país em que ainda morrem pessoas que tentam impedir tudo isso, em um país deste, não é possível cuidar da Amazônia direito. E agora quem poderá nos defender?
Nem preciso dizer, assim como os colunistas da TRIP ( essa sim eu gosto) fizeram nessa edição de outubro, eu também já declarei o meu apoio a Marina Silva nessas eleições!


Ai como esse jornalismo é confuso, meu orientador me confude ainda mais,com tantas teorias distintas, tenho descoberto um mundo diferente sobre a comunicação nos últimos tempos. Critérios de noticiabilidade? Esqueçam essa baboseira, o buraco do jornalismo é beem mais embaixo, envolve tanta outras coisas. Pois bem, vou voltar ao estudos, meu coração tá saltitante de felicidade depois que parece ter descoberto um rumo certo. Mas uma conversa nessa sexta-feira com o meu orientador ainda pode mudar muita coisa...veremos =)

beijos, boa noite e bons estudos para mim!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Onde a brasa mora e devora o breu, como a chuva molha...

...o que se escondeu ( Arnaldo Antunes)

Reportagem sobre a Rio Branco.
É não nasci para escrever pequenas matérias ou matérias factuais, gosto da apuração, de contar histórias, de profundidade, dos dois lados da mesma moeda..Enfim, aquilo tudo que acho que deveria fazer parte do jornalismo.
Vídeo da reportagem ( algumas entrevitas, fotos e etc.): http://www.youtube.com/watch?v=4KcI7D4Wyi4&feature=player_embedded
as fotos to com preguiça =)

Rio Branco: a história e os rumos do coração da cidade

Por Ananda Delevati

Getúlio Vargas chegou de trem até Camobi, pegou um vagão especial para a estação ferroviária e foi carregado nos braços do povo pela sua extensão, onde uma multidão de pessoas, cheias de entusiasmo, o esperavam sacudindo flores amarelas. Ele não foi uma exceção. Pasqualini, Fernando Ferrari, Salgado Filho, entre outros inúmeros e ilustres viajantes, também entraram e conheceram Santa Maria por ela. Construída para ser o eixo que conduzia à estação férrea, a avenida Rio Branco era o portão de acesso ao município e o símbolo da organização urbana e da pujança socioeconômica da cidade.

No século XIX, as rodovias eram quase inexistentes e ineficazes para viagens médias e longas. Assim, a estrutura da Rio Branco demonstrava a preocupação da comunidade em oferecer como portão de entrada ao município para aqueles que chegavam, uma arejada e ampla via, que simbolizava Santa Maria.

Se um dia ela significou tudo isto à cidade, para quem chega hoje a Santa Maria as impressões são as piores possíveis. No presente ela mais se caracteriza por ser um símbolo da decadência do município. O descaso das autoridades e falta de manutenção fez com que hoje todos os problemas do município possam ser vistos nela: bancos e monumentos mal cuidados, luzes queimadas, comércio de inúmeros produtos ilegais, prostituição, consumo de álcool e outras substâncias ilícitas, falta de segurança, descaso, sujeira, poluição, falta de um plano de arquitetura e urbanismo, moradores de rua, entre tantos outros.
Porém, talvez hoje estejamos em um momento ímpar na história cidade. A prefeitura lançou um plano de revitalização da avenida, que atende os desejos dos moradores e das milhares de pessoas que todos os dias passam por ela. Mas o que realmente a população deseja para essa rua? O que a prefeitura está disposta a fazer? É por meio da história dos personagens dela, moradores e trabalhadores, que vamos tentar mostrar a Rio Branco que o município tinha, a sua situação presente e o que poderá ser feito para que a população a tenha de volta. Porém, sem esquecer que os problemas como os camelôs e a prostituição são problemas sociais maiores, decorrentes muitas vezes da falta de oportunidades e pobreza da cidade e que não podem ser reduzidos a simples troca para outro local para sua resolução.
As lembranças felizes e a esperança de uma nova avenida
Quem contou a história da chegada de Getúlio Vargas à Rio Branco foi a dona Estela Mello, 86 anos, funcionária pública, que há 57 anos mora na avenida. Segundo ela, de lá para cá, as coisas só pioraram. Tirando pelo túnel construído por Evandro Berh, e pela administração de Osvaldo de Nascimento, que fez mudanças na catedral, ela considera que, no restante do tempo, tudo ficou parado. Essa destruição para Elza já dura vinte anos: “Eu não sei com o que se parece, não sei se parece uma vila, porque nunca estive em uma, para mim não passar de um covil, uma coisa que não tem explicação. Uma vergonha”, argumenta.

A avenida de seu tempo e que ela gostaria de rever, é a rua florida, de árvores podadas mensalmente, arbustos, flores e pedras bonitas, estas últimas ‘juntinhas e brancas como as do Rio de Janeiro’’, conta saudosa dona Estela. A avenida dos sonhos da ex-funcionária pública é na verdade a velha boulevard que era a Rio Branco.
“Quero poder ver isso, antes de morrer”

Boulevard? Este é um conceito surgido no século XIX, na França, e inspirou construções de vias públicas no mundo inteiro, entre elas a própria Rio Branco. O termo se referia ao topo reto (passarela) dos muros de cidades medievais, a idéia de fazer uma via ampla com circulação de ar, era diminuir o número de doenças infecciosas ocorridas nos centros urbanos, que até então estavam desordenadas pelo progresso da Revolução Industrial. Também é utilizado para descrever vias de tráfego “elegantemente amplas”.
Elegante é uma palavra que hoje ficaria longe da Rio Branco, mas que porém já esteve lado a lado com ela. Se hoje o que vemos na avenida são casas destruídas pela ação do tempo, antigamente famílias nobres da cidade faziam questão de ter seus palacetes ali. Dona Elza relembra essas casas que frequentava e frequenta até hoje e diz que, embora destruídas por fora, elas trazem um acervo de móveis “como só se vê no palácio do Catete” (que se localiza no Rio de Janeiro) internamente. Para ela, o governo e o município deveriam tombar como patrimônio público estes locais e preservar a memória da cidade.
Progresso: os trilhos inspiraram beleza e arquitetura
A inspiração dessas construções tem explicações na história de Santa Maria. Em 1987 se instalou na cidade a Compaigne Auxiliare des Chémis Du Feaur au Brésil, uma companhia belga que, em parceria com a VFRGS – Viação Férrea do Rio Grande do Sul, executava a construção e a ampliação da malha ferroviária gaúcha. Santa Maria era, nesta época, o principal entroncamento ferroviário do Estado.
Pouca gente sabe, mas naquele tempo a avenida Rio Branco tinha um nome controverso para os dias de hoje: avenida Progresso. Após mudar de nome, e com forte influência do estilo Art Noveau, o espaço foi quase que em totalidade adornado por palacetes nesta tendência, dividindo espaço com imóveis ecléticos e neoclássicos. Durante a boa fase da ferrovia, por volta de 1960, esta característica imobiliária foi sendo substituída por estilos como Protomodernismo e o Art Déco.
A história da avenida é devorada pelo caos urbano

A avenida Rio Branco tem uma importância histórica inegável para Santa Maria, sua localização parte da área onde se originou a cidade (praça Saldanha Marinho) e tem nas vias perpendiculares, o ínicio do traçado urbano da cidade. Além de hoje não ser mais possível visualizar a bela configuração urbanística e construção arquitetônica tanto em imóveis, quanto em estrutura, fica díficil também de observar as obras de artes que se escondem na avenida. O canteiro central que apresenta difícil visualização é repleto de monumentos, obeliscos, bustos e estátuas que representam e homenageiam diversos ícones e datas importantes pela qual a cidade passou. Ao todo são quinze monumentos escondidos.

Sua configuração urbanística, bela e ordenada, repleta de referenciais arquitetônicos, tanto em seus imóveis quanto em sua estrutura, está totalmente comprometida com a invasão publicitária dos estabelecimentos comerciais.

Além disso, o seu canteiro central era tomado, até o mês de junho, por camelôs e ambulantes, que dominaram o espaço público, impedindo a passagem de transeuntes, bem como a utilização da área para descanso, lazer e a concepção de espaços ajardinados. Complementando, um total desgaste de sua estrutura física, jardinagem e mobiliário urbano determinam a área como um dos locais mais inóspitos da cidade.

“A avenida reflete os problemas do mundo”

Dona Elza, hoje, reclama dos bancos em que não se pode sentar, pois estão podres, e do descaso com a avenida, que para ela é o coração da cidade. Segundo a moradora, se as grandes cidades têm camelódromos fechados, porque isto também não pode acontecer aqui? E ela não está sozinha nesta briga, outros moradores, frequentadores e donos de estabelecimento também reclamam dos camelódromos, um dos principais problemas da avenida, segundo eles.
O lado B da Rio Branco
Apesar da falta de cuidados com a avenida, muitas lojas e estabelecimentos escolhem a rua para colocar seus negócios, devido ao grande movimento e circulação de pessoas. Porém, muitos empreendedores reclamam da falta de atenção que os órgãos públicos têm com a avenida, dando principal destaque à limpeza urbana. A área após o cruzamento com a rua Vale Machado é hoje considerada a parte mais crítica da Rio Branco. Devido às diversas casas de prostituição e falta de iluminação, esta é considerada a pior zona da avenida.

O gerente de um supermercado localizado nesta área, entre a Vale Machado e a Dauth, Derli Parode Barroso, 59 anos, reclama da localização de seu estabelecimento, que fica próximo a várias casas de prostituição. Segundo ele, as pessoas têm uma imagem negativa da área: “Seria bom se resolvessem os problemas, muitos clientes não se sentem à vontade de vir por causa da vizinhança, ela passa uma imagem negativa e muitas pessoas não andam por aqui”, conta ele. Apesar disto, ele argumenta que procura ter uma relação amigável com os vizinhos.
Violência e prostituição à luz do dia
Outra queixa que o gerente destaca é a falta de segurança para moradores e estabelecimentos comerciais: “Muitas vezes tenho que parar de trabalhar para cuidar da segurança, tem que tá sempre cuidando pra não dar chance, pois já fomos assaltados”. Quanto à arquitetura da cidade, o gerente argumenta que é muito bonita, porém ela não aparece. Ele salienta que poderia haver um projeto que valorizasse uma revitalização que trouxesse benefícios para esse ‘cartão postal’.

Enquanto que para uns as famosas casas noturnas atrapalham o movimento, para outros é o contrário. Entre as conversas que tivemos com vários personagens da avenida, um taxista relatou que a prostituição na avenida aumenta o movimento em seu setor, já que há, durante toda a madrugada, pessoas saindo dos estabelecimentos. Segundo ele, sem motivo especial, nos últimos anos houve queda na circulação daquela zona.

Uma janela para a realidade
Já para as famílias que moram próximo a um desses locais, as casas são um problema. Uma mãe e uma filha com as quais conversamos e que preferiram não se identificar moram em um prédio perto de uma casa de prostituição na Rio Branco. Elas contam que logo que se mudaram para o seu atual apartamento não conseguiam dormir devido aos barulhos. Da sacada de seu apartamento já acompanharam muitas brigas feias nestes estabelecimentos. “No começo qualquer barulho era um susto e corríamos para a sacada para ver o que estava acontecendo, mas hoje já acostumamos”, relata a mãe.

As obras inacabadas que existem na Rio Branco, foram relatadas por um dono de bar que preferiu não se identificar como um outro grande problema desta parte da avenida. Segundo ele, o prédio enorme e abandonado entre a Francisco Mariano da Rocha e a Rio Branco não foi concluído, pois os acionistas do negócio ficaram sem dinheiro.

Este mesmo homem apontou que uma mulher que havíamos acabado de entrevistar não era empregada doméstica, como havia dito, e sim prostituta. Ela nos contou que já sofreu violência na Rio Branco. “Já fui assaltada, agarraram-me. Com o anoitecer a situação fica pior, fica tudo escuro”, conta ela. A falta de iluminação foi constatada pela nossa equipe, nas proximidades de uma das esquinas consideradas “perigosas” por quem frequenta a Rio Branco. Duas de três lâmpadas estavam queimadas.
O descaso das autoridades
Estavam sentados em um banco na rua, dois amigos moradores da avenida, e falavam sobre a falta de segurança e o descaso em que a avenida se encontra: “Acho que tinha que melhorar a iluminação e a limpeza, porém gosto muito de estar aqui, é uma das minhas ruas preferidas na cidade”, explicou um cabelereiro. Eles reclamaram sobre a falta de segurança, principalmente à noite, e a poluição visual que os camêlos trazem. Como em quase todas as ruas de Santa Maria, os ambulantes que comercializam lanches como cachorro quente e churrasquinho não passam despercebidos.Na Rio Branco, não poderia ser diferente. O vendedor de churrasquinho Rosdagoberto também reclama da falta de segurança pública do local,. Ele também trabalha na considerada pior zona da Rio Branco e releembra algumas tragédias: “Já vi muita coisa nos 10 anos que trabalho aqui.Nos últimos cinco anos, foram duas mulheres que morreram em duas situações diferentes. Duas brigas e mortes com faca de serra. Uma delas em um dia chuvoso se arrastou por uma quadra inteira para pedir ajuda, mas nao resistiu”, conta Rosdagoberto que não pensa em mudar de localização: “Já estava aqui há cinco anos e os outros cinco foram tranquilos”, argumenta.

Com relação a seu trabalho, Rosdagoberto vende em média 70 a 80 churrasquinhos por dia, porém não acha muito, já que diz que o o vendedor de churrasquinho que fica perto do Carrefour diz vender 200. A história de Rosdagoberto com a rua começou quando ele foi contratado para trabalhar em um açougue. Ele resolveu também vender churrasquinho paralelo ao trabalho. No fim, a ideia deu tão certo que ele ficou só com o churrasquinho. Diariamente ele chega às 18h e fica até às 23h na rua. “Seria melhor se tivesse iluminação, depois que o açougueiro fecha eu tenho que procurar algum poste de luz para ficar em baixo ”, reclama ele. Rodasgoberto explica que nunca sofreu nada ali e não tem medo. O motivo? Ele conhece todas as pessoas que circulam na área. Segundo ele, o atual prefeito em época de eleições passou por ele e prometeu melhorias que até hoje não foram feitas.

“Nem eles não passam na Rio Branco”

Isais Gonçalves Abresch, mas conhecido como Bigode, amigo do dono de uma carrocinha de cachoro quente, costuma frequentar a Rio Branco diariamente para tomar chimarrão. Bigode se define como morador da Rio Branco e um pertencente do centro de Santa Maria. Entre as ocupações que já teve estão as de poeta, joalheiro e funcionário público. Ele afirma que antigamente as pessoas se reuniam na rua para conversar e pegar sol e que hoje isso não existe mais pela falta de segurança: “Não tem como voltar a ser o que era antigamente”. Bigode sente saudades do que era a antiga avenida: “A Rio Branco deveria voltar a ser o que era no tempo da ferroviária. A avenida reflete os problemas do mundo que piorou, como os próprios mendigos. Os políticos abadonaram a rua, não resolvem os problemas, nem eles mesmos não passam na Rio Branco”, reinvindica.

Bigode é amigo de José Luis Lima Pimentel, vendedor de cachorro quente. Ele discorda do amigo: “Melhorou, antigamente era pior, mas continua perigoso”. Para ele não há perigo, argumenta, pois, conhece todas as pessoas que circulam de noite e todos o respeitam por estar trabalhando.
Conta que não há venda de drogas na noite, mas que tem gente que constuma frequentar a avenida para consumir, e que essas pessoas não trazem maiores problemas, pois sabem que se fizerem alguma coisa nesta área não terão outro lugar para ficar. Embora não façam nada, os usuários costumam pedir dinheiro. Pimentel relata que quem pratica os atos de violência são os que não circulam normalmente pela área, mas que passam para ir para outros locais. O vendedor trabalha todos os dias até às duas da manhã. Segundo ele, o horário de maior movimento é das 22 às 23 horas, horário de saída da Unifra.

A esperança e a revolta por dias melhores

Otimista com um futuro melhor, o filho do proprietário da Ferragem Rio Branco, Rodrigo Côrrea, 30 anos, conta que a família está com o estabelecimento na avenida há cinco anos: “O movimento aumentou e estamos conseguindo conquistar clientes, pessoas que antes não conheciam estes lados, agora estão vindo”, explica ele. Mas Corrêa não descarta que se houvesse uma revitalização o movimento seria ainda melhor, pois foram prometidas muitas mudanças desde que estão com a ferragem no local, e até hoje nada aconteceu.
Entre as principais queixas sempre está a falta de segurança, e em alguns casos ela trouxe muita revolta. O açougueiro Artur Rocha, 66 anos, trabalha há 41 anos na rua. Para ele o movimento aumentou nestes anos, porém a segurança está pior. O seu açougue, por exemplo, já foi arrombado. Rocha relembra que há anos atrás ele podia sair do estabelecimento e deixá-lo aberto que nada acontecia. Hoje, é impossível isso acontecer: “Hoje tenho vontade de matar os caras”, revolta-se Rocha. Ele acredita que uma das causas dos assaltos é a lei do desarmamento. “A gente nao pode andar armado e há cada vez mais bandidos”, justifica. Para ele todos os governos, do munícpio ao congresso deveriam ser mais homens e mudar as leis “porcas deles”.
Mas mesmo assim, Rocha ainda consegue ver o lado bom da situação: os muitos amigos que fez e faz por causa do estabelecimento. Entre tantas reclamações consideramos as mais repetitivas a falta de segurança, os camelódromos, a limpeza e principalmente o abandono dos órgãos públicos.
A prefeitura pretende revitalizar a avenida.Mas como será feito esse projeto?

O projeto que começou no início do governo Schirmer seria uma volta à avenida dos anos 50 e 60 dos quais os moradores mais antigos tanto sentem falta. Julio Rasquin, presidente do Escritório da Cidade e responsável pela proposta, diz que ela é ousada e que todos os pontos que causam reclamações serão revistos: valorização dos monumento históricos, reconstituição dos passeios e canteiros, requalificação paisagística, novos bancos e iluminação e calçadas com só um padrão.

Giovani Brasil, 36 anos, responsável pela arquitetura e pelo urbanismo do projeto explica que a intenção é deixar o caminho livre e aumentar a visibilidade da via. Segundo ele, hoje a área está muito poluída porque há muito tumulto e confusão visual. A idéia é tirar toda a vegetação baixa que tapa a visão de um lado para o outro da rua e subir a copa das árvores.Também trocar bancos, postes e outros itens da estrutura.

Resgatar as raízes da avenida também é um ponto importante, isso vai ser feito por meio da valorização dos monumentos históricos que se encontram nas três primeiras quadras e também dos prédios históricos. Além disso, haverá uma verba para a manutenção das obras feitas.
Expectativa: quando o projeto será posto em prática?
Segundo Brasil, o projeto está em licitação, mas o orçamento já foi aprovado. Ele afirma que até o fim do mandato pretendem estar com tudo pronto, e que é provável que inicie ainda esse ano. Porém, um ponto que pode inviabilizar o projeto são os camelôs que não pretendem acatar a ordem da prefeitura e sair da via principal.

O arquiteto comenta que muitas vezes as pessoas não têm nem como andar na avenida. A prefeitura consultou os moradores antigos na tentativa de deixá-la acessível como era nos velhos tempos. “Eles a utilizavam como ponto de encontro de famílias. Até agora o projeto foi elogiado por esses moradores”, qualifica Brasil.

A polêmica dos camelôs e o shopping popular
“ Ninguém pode se adonar de um local público, que é da população”
Os camelôs estavam esparramados por toda Santa Maria quando resolveram reivindicar um local definitivo para ficarem, caso não fosse atendida a solicitação, iriam embora da cidade. O então prefeito Behr fez um ofício para que eles tivessem um local fixo e fez um discurso em praça pública inaugurando o camelódromo que hoje gera tanta polêmica. Assim começa a história dos ambulantes que hoje lutam para ficar no local que lhes foi dado há quinze anos. Embora outras vezes a questão de retirá-los da avenida já tenha sido colocada, eles sempre ganharam as brigas. Além disto, conseguiram em uma das disputas um ofício que garante o local em caráter permanente.
Foi definido por sorteio quem seriam os donos de cada banca do camelódromo na época. Foi levado em consideração que aquelas pessoas que ali iriam trabalhar não tinham oportunidade nem condições de ter outra ocupação.O porta voz deles, Cézar Carrote, conta que a reunião onde foi decido que eles iriam trocar de local foi feita a portas fechadas com empresários ainda no governo Valdeci, o que pra eles é um absurdo. Segundo ele, o povo de Santa Maria não sabe a verdade, só sabe o que a imprensa divulga. Porém, Carrote considera que quem dá votos é a população e não um grupo de empresários.
O arquiteto e urbanista Brasil pensa diferente. Argumenta que as outras administrações foram deixando acontecer fatos que culminaram neste ponto e que os vendedores informais deixam a avenida inutilizada para a população. Considera que seria bom justamente para o povo que isto mudasse. “É como se eu quisesse colocar meu escritório lá, o espaço é público, não pode ser um ou outro seguimento”, argumenta Brasil. Ele conta que o projeto da prefeitura também abrange tirar os vendedores informais das calçadas.

Lugar de Camelô é na Rio Branco ou no Shopping Popular?

Os camelôs argumentam que acham horrível o sistema adotado de disputarem pontos maiores ou melhores por sorteio, segundo eles, ninguém é melhor que ninguém para ter ponto com mais vantagens. Além disso, os pontos maiores custam mais caro. Reclamam também que é um número muito grande de pessoas em um local muito pequeno e que isso pode trazer problemas até para a saúde deles. “Poderiam revitalizar com a gente dentro, nos trocar de quadra então, mas não ir para um local fechado”, justifica o porta voz. Outro ponto levantado pelo primeiro secretário dos camêlos, é que em outras capitais os camelódromos foram construídos sempre a céu aberto.

Mais uma vez opinião das autoridades e dos camêlos são diferentes. Brasil coloca que o projeto é toda extensão da Rio Branco e não uma quadra ou outra, então não haveria como trocá-los apenas de quarteirão.

Um ponto que também levanta debate são os produtos ilegais vendidos pelo comércio informal, como remédios proibidos. O secretário explica que em todo lugar há pessoas boas e ruins, e que eles tentam conscientizar aqueles que vendem mostrando que ninguém lucra com estas vendas. “Eu tento mostrar que traficante nunca acaba bem”, explica.

A avenida Rio Branco Hoje

Finalmente, nos dias 24 e 25 de junho, foram desmontadas as bancas dos camelôs no centro da cidade e agora eles estão localizados no shopping popular. A população espera, agora, que o projeto de revitalização da Rio Branco continue, e que volte a ter a Rio Branco dos “anos de ouro” de Santa Maria.

Os rumos do coração da cidade

A avenida Rio Branco hoje não é adornada somente por casas, prédios e estabelecimentos, mas também por polêmicas. Ainda mais forte que isso é adornada por sonhos, criados por personagens reais das mais variadas idades, com as mais diferentes histórias, que todos os dias deixam suas marcas pelas calçadas, por onde eles também constroem seus futuros.

Pisam no mesmo solo que Getúlio e tantos outros nomes pisaram, nas calçadas que guardam tantos segredos e a história de Santa Maria. São esses personagens que irão ver e viver as mudanças que aguardam a Rio Branco e terão boas ou más surpresas. Afinal, histórias diferentes guardam anseios diferentes para o mesmo local, e histórias reais nem sempre têm um final feliz. Mas no final das contas, um dia, todos nós e todas essas histórias serão apenas mais uma página das tantas que o coração de Santa Maria abriga.