quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Talvez dura demais para um moleque dessa idade...

É tão bonito quanto a gente tem 17 anos e entra no jornalismo e acha que vai mudar o mundo. De repente, a gente já tem 23 anos e não sabe muito bem os caminhos que trilhou para chegar onde está. Parece que o tempo passou e passa rápido demais. Parece que as coisas foram acontecendo e parece que a gente não estava lá em todos os momentos. Foi tudo muito rápido. Pronto, finalmente a gente chega onde queria. Graduação concluída, mestrado quase lá. Trabalho em um jornal diário, o tão sonhado contato com a realidade.
Ser jornalista: saber o que aconteceu antes, ouvir diversos lados da mesma questão, informar e formar as pessaos. Só que a realidade, nua e crua, não é bonita. A realidade é arbitrária e os acontecimentos são complexos. Vão existir milhares de versões e a tal sonhada verdade, jamais será absoluta. Até porque terão milhares de interesse. Mas qual interesse deve vir em primeiro lugar? O do leitor, o do ser humano. Lições que o jornalismo tem me ensinado nesses últimas dias. De diferentes maneiras, inclusive algumas vezes me fazendo pensar até em sonhos nas minhas matérias. Algumas mais fáceis, algumas mais difíceis. E uma coisa eu digo, muitos órgãos públicos não ajudam nesse papel. Cansei de ouvir nesses últimos dias " Não, isso não é com o nosso setor". No outro setor:a mesma resposta. Impressionante, ninguém sabe o que tu precisa saber, ninguém sabe quem sabe ou a pessoa que pode informar nunca está presente. Mais uma lição dos últimos dias.
No meio dessas lições tem as coisas que nos deixam feliz, o leitor que agradece ao jornal porque achou o parente desaparecido, o leitor doutor em comunicação que envia elogios pela matéria ou o leitor que elogia a coragem do jornal de publicar sobre determinado assunto. Tudo isso compensa e compensa em muito.
Por outro lado, a gente ainda se choca. E isso é bom, eu acho. Significa que nós temos alguma sensibilidade. Como hoje, em que fui chamada para cobrir um caso de estupro, quando as garotas estavam prestando exames no pronto atendimento. Cheguei lá e vi elas, o rosto de cada uma daquelas meninas. No escrito no papel, elas são apenas meninas, vítimas de violência, não tem os rostos, os rostos que eu vi e que certamente permanecerão na minha cabeça por um bom tempo. Daí bate a tristeza, a gente vê que a realidade, nua e crua, é dura e cruel. Que o que a gente faz ainda é muito pouco. E não é querer criticar, é um sentimento de impotência. Como se a maldade do mundo fosse maior que qualquer coisa. Daí a gente vai fazer uma matéria sobre creches e vê que o número de creches que vai ser criado até 2014 não é suficiente para atender o déficit atual da falta de vagas na educação infantil. E tudo se encaixa, como em um quebra-cabeça.. E parece que tudo, tudo está errado.E que a gente tá sempre tentando tapar o buraco, mas que o buraco mesmo é mais embaixo.
São dias de incertezas quanto ao mundo, quanto à vida. Mas pensando bem, embora eu tanto me questione se escolhi a profissão certa, acho que estou no caminho certo, escolhi a profissão que ainda me permite me questionar. E como diria um colega meu, dias melhores virão. Amanhã é outro dia, é outra matéria, e tem sim algumas ótimas iniciativas e pessoas que nos dão tapas na cara, mostrando que a gente ainda tem poder de mudar alguma coisa.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Simples e só.


Hoje em meio as dissertações, fui até a sacada pegar um pouco de sol, minha cachorra foi junto comigo. Cheguei perto dela e me abaixei. Sentei-me, coloquei-a no meu colo. Ela ficou de barriga para cima, com os olhos fechados, aproveitando o carinho e sol. Pensei, que coisa mágica. Como é fácil para um cachorro, sem tantas construções sociais, ou bem dizer, nenhuma, aproveitar um momento. Simplesmente estar nele, aproveitar uma coisa tão simples quanto o sol e o carinho de alguém que gosta. Depois pensei em nós, na nossa mania de querer compartilhar tudo, de querer mostrar, tirar fotos e etc.Nossa dificuldade de simplesmente estar entregue ao momento e aproveitar as coisas simples. Eu ? Eu decidi, quero uma vida simples. Simples e só.
 
 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ninguém vai me dizer o que sentir, meu coração esta desperto...

"Estive cansado.Meu orgulho me deixou cansado.Meu egoísmo me deixou cansado.Minha vaidade me deixou cansado.Não falo pelos outros.Só falo por mim.Ninguém vai me dizer o que sentir"

Estou um pouco cansada e cansada de tudo um pouco. Olho meus posts antigos do blog ou do fotolog, era tanta paixão. Paixão pela política, pelo cinema, pela música e até pelo futebol. Não é falta de inspiração. Cansei. Olho os textos apaixonados ou revoltados das pessoas nas redes sociais e me dá uma preguiça. Como se essa altura do campeonato tanto fizesse ser de direita ou esquerda, ser legal ou chato, implicar com o comportamento dos outros. Parece que a vida é rara demais para a gente ficar perdendo tempo discutindo qualquer coisa. Eu sempre penso na praia, em mim, sentada na praia, sozinha. Quando eu olho o mar, tudo faz sentido e aquilo é real. O resto parece um monte de coisas chatas que ficam nos fazendo acreditar que é a vida, para nos esconder o que é realmente a vida e que ela tá passando, enquanto a gente tá olhando novela e pensando que precisa fazer e falar todas essas coisas chatas e no fundo inúteis. O mar nos mostra o quanto a natureza é grande e eterna e o quanto a gente é pequeno e idiota, de se achar grande.

Isso sendo positivo. Falando dos posts apaixonados, porque às vezes é uma série de coisas que não muda nada da minha vida. Eu poderia sair das redes sociais, mas não é só nas redes sociais. Ontem eu sai na minha antiga cidade, fiquei pensando nas pessoas que estão aqui desde que eu fui embora e que todo final de semana fazem a mesma coisa. Me deu preguiça da vida delas. Problema meu né, porque a vida delas e elas devem gostar disso. Realmente, problema meu, que em algum momento da vida não consegui ser "normal". Aquela velha coceira da qual já falei algumas vezes aqui está cada vez mais forte. É uma vontade de fazer algo diferente. Não que o que as pessoas fazem não valem à pena. Como eu falei, elas devem ser feliz assim. Mas eu, eu preciso sempre mais. Eu acho a vida tão grandiosa que já tenho achado perda de tempo ficar como se fosse matando o tempo com todas essas coisas que me dão preguiça. Eu vou, eu faço. Mas não é isso. Não é isso. É essa vontade maluca me acompanhando o tempo inteiro, e agora? tá acabando,e agora? e depois? Que que eu vou fazer da vida? Vou trabalhar, casar, ter filhos?  Isso dever ser bom, eu vou tentar. Não digo tentar casar, ter filhos, não tão cedo. E até o amor tem me dado preguiça. Não vale à pena. Tá, vale muito à pena. O amor é a coisa que mais vale à pena na vida. Mas não digo amor de homem e mulher, mas todas as formas de amor. Relacionar, o verbo, vale à pena. Relacionamentos já entram no quesito preguiça. Não sei se teve amor. Acho que paixão, talvez. E teve um pouquinho de sofrimento, acho que muito mais de ego do que de coração. Acabou me dando preguiça até disso. Só se for muito real e tiver muito coração. Como a praia, o mar, eu sentada, sozinha. Sempre fui feliz assim. Talvez esteja ficando velha e chata e cada vez mais seletiva para o que realmente vale à pena para a minha vida. Mas enfim, como eu disse, eu vou tentar. Vou procurar emprego, tentar uma vida "normal". Talvez , eu só seja imatura para aceitar que a vida é assim mesmo e que chegou a hora de eu ter uma vida de gente grande, como todo mundo. Mas se não for, vou viajar, ganhar o mundo. Sem prazos. A vida é tão rara, tem tanto lugar lindo esperando para ser visto.



terça-feira, 10 de julho de 2012

"Cacoetes" do amor...ou da paixão.

Cacoete já é uma palavra estranha, colocada na mesma frase que amor então. Simplesmente parece que elas não combinam. Segundo a definição, cacoetes são hábitos ou manias que fazemos involuntariamente ( sem perceber) e o pior é que fazemos sempre. Pois bem, os meus eram involuntários, até que uma bela noite entre tantas coisas inúteis que penso consegui detectá-los. E não é aquela coisa do tipo "eu tenho dedo podre, não sei escolher", eles são estranhos mesmo. Talvez até vergonhos ( será?), mas levando em consideração que o meu último post da categoria "amor" ficou para sempre salvo nos rascunhos, acho que posso continuar.
Bom, meu primeiro cacoete estranho nessa área tem relação com pés. Não sei que em momento da minha vida eu decidi criar uma ideia utópica de que o "amor da minha vida" teria pés perfeitos. Sim, eu sei. Nenhum homem tem pés perfeitos. E acho que justamente por isso essa minha ideia. Queria alguma maneira de detectar a pessoa, meu consciente ou inconsciente resolveu ter essa nada lógica. E o ser humano não é lógico, pois se eu refletisse dois minutos sobre isso, como fiz ontem, veria que isso não é normal. Pois bem, eu criei isso. É engraçado, mas podia estar na maior paixão de alguém, mas se olhava os pés e não os achava bonitos, já vinha uma deprê do tipo " não vamos dar certo, cedo ou tarde algo vai acabar com nosso relacionamento". Nossa, estou me achando muito estranha, mesmo. Então vou para o meu segundo cacoete, que já não é tão estranho.
Meu segundo cacoete é que o "grande amor da minha vida" será à primeira vista. Isso na prática significa que tenho a mesma relações com os pés que com a lembrança da primeira vez que eu vi a pessoa. Se eu não consigo detectar na minha memória a primeira vez que eu vi a pessoa também já acho que não é "a pessoa". Claro que esse "ver" não é simplesmente "foi tal dia, em tal festa".  Esse ver a pessoa é perceber ela de uma maneira especial desde o primeiro momento. Eu acho que eu criei esse cacoete com a minha primeira paixão, pois até hoje eu lembro o dia que conheci a pessoa e não só o dia, mas o momento. Foi há muitos anos atrás, mas eu lembro a roupa ( a minha e a dele), inclusive as cores. Mas não é só isso, desde o primeiro momento que eu vi ele, foi uma coisa diferente. É esse olhar especial, que acho que todo mundo deve ter, que eu falo. É aquela coisa de ir em uma festa com quinhentas pessoas, tu conseguer ver uma que te chama e muito a atenção e isso ser recíproco. E acho que não é uma coisa de tipo físico, mas de energia.
Acho engraçado isso, as lembranças que carregamos das pessoas. Muitas vezes acho que o que lembramos das pessoas, não é a mesma coisa que elas lembram de nós. Às vezes esse primeiro olhar, só acontece para uma das pessoas. As frases que foram significativas também. Bom, mas aí já é outra história.
Voltando aos cacoetes, acho que as pessoas podem achar que é uma maneira fútil de achar alguém. Mas na verdade, nem para mim faz sentido. Só que quando eu detectei isso que eu faço, achei engraçado. Lembrei também de outras pessoas me contando cacoetes parecidos, por exemplo, que quando conhecem alguém já imaginam todo o futuro com a pessoa e às vezes uma atitude ou palavra já faz desistir da pessoa. Ou mais estranhos, como imaginar as pessoas peladas. É, na verdade, somos irracionais, temos manias estranhas, mas que acho que acabam quando as coisas são de verdade.
Já tive essas relações malucas, de detectar no meio de um monte de pessoas, em um lugar longe do que eu estava, uma pessoa que estava no mesmo lugar que eu e que realmente era diferente da maioria das pessoas. Especial e diferente. Diferente ao ponto de não ter telefone e ter que marcar hora e local na praia. Romances malucos, desses que a pessoa mora em outro continente e mesmo assim te faz suspirar durante meses, reconstruindo milhões de vezes uma frase dita em uma rede e que vira a explicação máxima da vida para ti. Mas que apesar das buscas tu não consegue nem reencontrar tempos depois, quando está próximo geograficamente, pois é tão diferente que não possui rede sociais. Enquanto que, pode ter outra pessoa que tu não lembra mais como conheceu e...é, enfim, foi uma pessoa especial.
De qualquer forma,  todas essas pessoas, os amores e as paixões que fui acumulando ao longo dessa quase uma década de vira amorosa, ainda não foram "a pessoa". Logo, não posso dizer com certeza, se meus cacoetes estão ou estarão certos. Mas eu ando com umas ideias meio loucas sobre esse assunto. Podia acreditar que os homens são todos iguais e etcs. Mas prefiro acreditar em outras coisas igualmente malucas. Tem até uma teoria de que quando tu encontra a pessoa ela tem uma luz em cima do ombro. Essa já é demais para a minha cabeça, mas acho que quando tu encontras mesmo a pessoa, o resto vira bobagem. Quero um amor assim na vida, sem ter que me preocupar com nada. Sem ter que ficar fazendo esses joguinhos tão comuns. Que tenha confiança natural e coração aberto. Que não tenha brigas chatas e que ninguém precise machucar ninguém. Pode parecer maluquisse, mas eu tenho um exemplo em casa, então não acho que é tão maluco assim. E no meu exemplo em casa há inclusive poesias. Se não for pedir demais, quero um amor meio artista. Não desesperado e intenso, que esse já sei na experiência que não é saudável. Quero a sorte de um amor tranquilo, como diria Cazuza, mas sem clichês, um amor criativo. .

quinta-feira, 12 de abril de 2012

o final feliz.



Todos os dias eles chegam discutindo. Mas hoje foi incomum. " Eu estou estudando só para ganhar um cachorrinho". Eu conhecia esse tipo de frase. O menino continuou: " Eu estou tirando notas boas só para ganhar um cachorro e eu tiro nota boas sem nem estudar, eu estudei só um pouco e tirei A em matemática".
A tradicional discussão entre mãe e filho, que acontece todos os dias no começo ou final da manhã, quando ela traz ele da aula, me fez lembrar a minha infância e a minha adolescência. Sempre cresci com cachorros. Quando eu tinha 8 anos minha mãe disse que tinha uma surpresa para mim, eu perguntei se era uma "bolinha da copa do mundo", já que estávamos na copa de 1998, ela disse " Não, é outra bolinha". Foi então que eu ganhei a Dolly, com cabelo todo bagunçado, parecia uma ovelha e por isso veio nome. Dolly, era também a primeira ovelha a ser clonada.
Em 2001 eu tive que trocar de cidade, a gente até tentou adaptar a dolly, que tinha sido criada livre na rua, em um apartamento, mas não adiantou. Eu chorava e chorava, mas não teve o que fizesse meus pais deixarem eu ficar com ela. Ela acabou ficando com meus avôs, até que uns três anos depois, quando meu avô faleceu, minha vó preferiu não ficar mais com ela e a doou para uma empregada. Nunca mais fui visitá-la, pela distância e acho que de certa forma para bloquear qualquer sofrimento.
Passei anos pedindo um novo cachorro, nos tradicionais 15 anos, em que as meninas pedem grandes festas, eu pedi um cachorro. Me vejo como esse menino, querendo um cachorro para alegrar a sua vida, pois eles alegram mesmo. Os pais sempre acabam cedendo e com a minha mãe não foi diferente. O meu novo cachorro teve uma história engraçada. Foi comprado pela internet e meu dindo hiperativo pegou ele em Porto Alegre, óbvio que ele escolheu o cachorro mais agitado. Ele era um Scotsh Terrier lindo, tão lindo que parecia um ET e o nome ficou Alf. Alf perturbou a nossa vida durante um bom tempo e a gente amava ele justamente por isso. Era impossível não notar a presença dele, tanto quanto acabamos notando a ausência. Pois, ele se foi e da pior maneira que um cachorro pode ir, a gente teve que escolher sacrificar ele, para ele não sofrer mais. Foi um processo traumatizante, eu diria. Pois, por anos me senti culpada por isso. Achei que não poderia ter outro bicho que ele acabaria se indo.

Até que em 2009 minha colega me mostrou uns gatos que tinham sido achados em uma caixa de papelão na rua, aí eu adotei a Bali. Cada mês de vida dela, era uma vitória para mim. Meses depois, um amigo meu ganhou uma cachorra com a qual não poderia ficar e me ofereceu. Foi assim que a "Tao" entrou na minha vida. Hoje a Bali já está com mais de três anos e a Tao completa três em setembro. Depois desse passo vencido, de vencer o medo de perder, veio o passo de multiplicar. Cruzamos a Tao no seu último cio, estamos esperando pelos filhotinhos, mas ainda não temos certeza da gravidez. De tudo isso, me fica uma reflexão: que a vida sempre segue em frente e que temos que enfrentam os medos para multiplicar a felicidade. Sobre certas coisas da vida, não temos o mínimo controle, somos impotentes. Temos que saber aceitar. Depois, temos que saber superar. Não adianta ficar tentando não sofrer mais para sempre, temos que enfrentar os medos e permitir que a gente possa ser feliz de novo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Jesus Amaria o capitalismo?

Acabei de olhar "Capitalismo: uma história de amor". Não que isso tenha mudado minha vida, pois já vi uma série de documentários sobre o mesmo tema e tinha olhado uma parte dele há muito tempo atrás. Mas de certa maneira, as coisas ficaram um pouco mais simples agora, ou ainda vou conseguir me entender melhor escrevendo. Com certeza não posso dizer que fui "manipulada" pelo filme, pois já concordava com muitas coisas ditas antes e nem tanto com outras.

Prefiro não entrar na parte econômica, da qual gosto, mas não acho que tenha tanto gabarito assim para escrever. Mas falando da parte humana, a passagem do título foi
a que mais me encantou. O diretor Michael Moore procura representantes da igreja para falar sobre o capitalismo. É engraçado que, pelo histórico da igreja, talvez a gente imagine algo bem diferente do que eles dizem. Só que o que eles dizem é simplesmente: não, o capitalismo não é correto. O capitalismo para Jesus não seria correto. E para mim, não seria correto, simplesmente por causa daquela velha frase que eu já escrevi sobre no meu blog: "Amai-vos uns aos outros".

É por isso que já fui chamada de radical, do contra e etc. E é por isso que muitas pessoas me chamariam ainda de revoltada ou qualquer outra coisa do tipo. Só que para mim agora é mais claro do que nunca, nunca aceitei e acho que nunca vou aceitar algo que está errado na sua essência, algo que é egoísta por princípio. Algo que não é o bem comum...Ainda acho lindo salvar o mundo, mas cada vez mais, pelo momento que vivo agora, me pergunto de que maneira quero viver dentro desse mundo maluco. E não é isso. Não é ter mais poder, não é querer ser melhor que os outros, não é querer ser mais produtivo, não é querer ter mais, não é ser competitivo e não é ser injusto. É, toda fora de poder, é uma forma de "morrer" por nada.

Não, não vou morar no meio do mato, nem vou ir para Cuba,
como tantas vezes pessoas sem argumentos já me disseram para fazer. Mas ao mesmo tempo espero não perder nunca a sensibilidade e a ternura, não endurecer, não achar isso normal. Normal, não é. Bom, não é. Feliz, não é. Então, prefiro seguir meu coração e ir vivendo do jeito que acho correto, vivendo dentro, mas fora, em uma ambivalência difícil de entender para muitos, mas que para mim faz sentido.

Quero viver bem, é óbvio. Assim, como quero que todas as pessoas também vivam, pois todas merecem. E quero poder continuar sempre achando que eu posso fazer diferente, mesmo dentro desse mundo. E quero cada vez menos qualquer sentimento ruim no meu coração. Se o cara que fazia as falcatruas do filme pode dizer "Se eu não fizesse outro faria", eu só quero não ser essa pessoa que faz errado. Por mais bobo que possa ser. E quando um aluno do primeiro semestre chegar para me perguntar " Professora, você se arrependeu de ter escolhido o jornalismo?". Eu possa responder que não, que a gente deve sempre seguir acreditando, pois sempre existe espaço para fazer a coisa certa.
E voltando quatro horas no tempo, antes de "Capitalismo: uma história de amor", eu assisti " O brilho eterno de um mente sem lembranças". E me emocionei, com essas coisas bobas que existem na vida.Que é gostar de alguém, que é brincar na neve, correr na praia, isso que é realmente vida e isso que é felicidade. E é para isso que eu quero ter tempo na minha vida.

É a velha história de vestir as roupas, dançar a música, mas estar consciente do que realmente importa e do que realmente é verdadeiro. Entre outras coisas, para mim é poder dormir de noite tranquilo, pensando que pelo menos, eu tentei. E eu não quero revolucionar o mundo, pensando se são as pessoas que corrompem o mundo, ou o mundo que corrompe as pessoas. Eu só quero ter certeza que eu não fui corrompida. Como diria outro filme lindo " Nossa integridade vale tão pouco, mas é tudo o que temos. É o mais importante em nós. Mantendo nossa integridade, somos livres...Eu morrerei aqui. Cada pedacinho do meu ser perecerá. Cada pedacinho... Menos um. O da integridade. É pequeno e frágil... E é a única coisa que vale a pena ter. Nós jamais devemos perdê-lo. Nem deixar que o tomem de nós" ( V. de Vingança.)

Engraçado, no final do documentário, a última cena é do furacão Katrina, como se ele fosse um castigo ou uma lição. Eu sempre refutei esse pensamento, que é muitas vezes reproduzido pela mídia. Sempre achei que o jornalismo coloca os desastres naturais, nada menos que meu tema na dissertação, como algo sobrenatural, quando deveria desenvolver um olhar sistêmico que percebesse que na verdade eles estão ligados com nosso estilo de vida e com todos os nossos outros problemas: econômicos, psicológicos, sociais...Enfim, o velho argumento do Capra que a dinâmica subjacente a todos os problemas é a mesma. Porém, quem sou eu para afirmar algo?! Para saber se é castigo divino ou não é. Só sei que o tempo e a natureza trazem as respostas. E para quem acredita, 2012 tá logo ali.

"A menos que você se torne ciente de que está vivendo segundo planos artificiais, você não será capaz de sintonizar com o infinito, o natural, o rit. O cosmo é uma harmonia musical, mas não estamos em sintonia com ele. É necessário sintonizar. Essa sintonia se torna possível se você se rende ao todo.Lembre-se que a menos que você se conscientize das ficções sociais, dos jogos sociais... Eles são necessários, continue a jogá-los. Mas não seja sério em relação à eles. Represente-os, não se envolva com eles; permaneça destacado e desapegado." (Osho)

"A decisão de me apoiar em alguns princípios de atuação: a democracia - como uma visão estratégica, e não mais como os comunistas a viam, uma tática para chegar ao poder -, a defesa dos direitos humanos, da consciência ecológica e, finalmente, da justiça social. E caminhando por aí eu acho que posso fazer alguma coisa. Não é mais uma grande revolução, com o esplendor daqueles tempos, mas é um pouco parecido com aquela história do Salinger, de O Apanhador no Campo de Centeio: quando eu era jovem, eu queria morrer pela revolução. Agora, quero viver para transformar um pouco as coisas. Sem grandiosidade, sem melodrama. Com pequenas ações, apenas." Fernando Gabeira

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um final de semana com o mar...(22.01 - 17:21)

Domingo é um dia diferente em Palermo. É um dia em que as ruas estão cheias de turistas e coisas feitas especialmente para eles, como charretes para dar uma volta na cidade. De manhã, acordei e fui ver se minhas roupas estavam secas e tinha algo como um grupo de 30 senhores e senhoras em baixo do meu prédio olhando para a torre que fica na frente dele. Pela cara de surpresa das senhoras e senhores imaginei que o guia deveria estar contando algo muito interessante, pois ninguém nunca me contou de quando é aquela torre ou qual é a história. Resolvi baixar a música do meu canal Polônes de clipes e tentar ouvir o guia. De repente, todas as cabeças viraram e olharam para o meu prédio com a mesma cara de turista e eu ali, me sentindo pela primeira vez na vida algo turístico.


Resolvi retomar minhas atividades, ou seja, esquentar água no fogão, para lavar meu cabelo na piá, pois os problemas com a luz voltaram. Ontem à noite pensei, pensei e resolvi tentar ligar o aparelho que esquenta água, uns minutos depois estava sem luz, com luz, sem luz, com luz...Enfim, dos males o menor, resolvi esquentar água e pelo menos tomar um banho com luz. Já que na sexta tomei de caneco sem luz. É, mas não é reclamação. Até que é bom tomar banho no escuro, quando não usamos um dos sentidos os outros se intensificam e para quem não tem como tomar banho quente e com luz, água quente em balde vira uma coisa maravilhosa.
Continuando, depois de lavar os cabelos, fui comprar brócolis e cenoura para comer com arroz integral, meu típico cardápio diário no Brasil (arroz integral+legumes) que consegui implementar aqui, depois de achar Shoyu em uma loja de produtos chineses. Autêntico Shoyu Chinês, muito mais forte que os que têm nos supermercados do Brasil. Depois do banho fui encontrar o Kelvin, o menino Tawainês que trabalha no mesmo projeto que eu e com quem eu tenho mais afinidade. Não sei, mas é mais fácil para mim lidar com guris do que com gurias, acho que eles são mais simples. E as duas meninas do meu projeto ( China e Twain) estavam na Catânia.



No caminho ouvi um “ Você fala inglês” vindo do outro lado da rua. Eu disse sim e o homem de uns trinta e poucos anos veio falar comigo, perguntou onde ficava o “mercado de balarô” com um sotaque americano. Eu expliquei, então ele perguntou se eu queria ir almoçar com ele lá, eu disse que não que estava indo para Mondello. Ele falou que estava viajando por lugares como Catânia, Messina e etc. e perguntou se eu era da Itália ou da Espanha( não é a primeira vez que me perguntam isso). Falei que eu era do Brasil, mas não sei se foi uma boa ideia. Já tinham me dito que não é muito bom falar que é do Brasil aqui na Itália, pois muitas garotas do Brasil se prostituem na Itália. Não sei se foi isso ou outra coisa, mas a conversa degringolou. O cara falou que era americano e perguntou se nós podíamos fazer um “lindo amor”, fiquei com uma cara de quem não sabia se tinha entendido realmente o inglês dele, e ele continuou “ eu sou americano, você é da América do Sul”. Resolvi falar que tinha coisas para fazer e ele continuou “ but you have a beautiful body”. Resolvi ir embora, foi a cantada mais cara de pau que recebi na minha vida eu acho.


Finalmente, encontrei Kelvin e fomos para Mondelo. Mondelo é lindo. Ficamos horas lá curtindo o mar. A maioria das pessoas na Sicilia me dizem coisas como não ter graça ir para a praia no inverno, que o bom é no verão. Mas para mim, o lugar é lindo igual. E não gosto de praia cheia de gente, música e etc. Então, a paz da praia no inverno é maravilhosa. Lá não tinha quase ninguém, dois casais de garotos e garotas novas se amando na areia. Apareceu também um homem enchendo garrafas com água do mar, não entendi nada à princípio, mas depois ele acabou tomando um banho no mar, um banho mesmo, no frio, os dreads presos e ele só de sunga. Depois, se secou e colocou a roupa. Além de ser alternativo, tem que ser corajoso para tomar banho só no mar no inverno.


Hoje, fiquei olhando o mar e tentando não pensar em nada, parar a mente um pouco e só desfrutar do momento. Fiz a mesma coisa olhando as lindas montanhas e árvores do ônibus, as montanhas aqui são lindas, petrificadas. Cheguei à conclusão que se eu começar a pensar nas mil outras experiências que eu poderia estar tendo nesse momento, eu vou enlouquecer.


Cheguei à conclusão também que a gente sempre está no lugar que a gente deveria estar e que eu tenho que parar de querer achar um objetivo em tudo, mesmo que seja crescer ou melhorar o mundo. Não adianta ficar pensando qual lugar me faria crescer mais, que projeto mais iria mudar o mundo, tudo isso é extremamente relativo, existem lugares tão pobres quanto a África no Brasil, ou crianças tão mal criadas nos projetos da ONG que eu já trabalho. Infelizmente, acho que para o mundo mudar de verdade, precisamos fazer as pessoas mudarem e isso é muito, muito difícil. A meditação, por exemplo, é um caminho. Mas como dizia em um livro do Gourdieff que eu li, a linha que leva ao caminho certo é tão difícil de se equilibrar em cima que parece que é feita para você não chegar lá. Não é fácil estar de frente a nossa condição de seres humanos com todos os defeitos que isso inclui, principalmente o que acho que o mas difícil de mudar: o egoísmo. E tem também o tal do ego...e todas essas outras coisas que fazem com quem o mundo seja como é. Bom, mas isso é outra conversa e rende muito assunto.





Outro coisa que pensei é que é impossível fazer tudo sozinha e que tenho que ser compreensiva se as pessoas não têm o mesmo ritmo que eu não estão tão interessadas assim em fazer o que para mim é importante. Essa semana perdi a paciência diversas vezes, as meninas que trabalham no meu projeto (China e Twaian) não são muito pró-ativas e parecem não se importar muito em ser. Eu não gosto muito que as pessoas dependam de mim e diversas vezes fui meio que mãe, tendo que explicar tudo e ajudar em tudo. A menina que eu moro, por exemplo, tem medo de ficar sozinha em casa, então aonde eu vou ela vai. Eu gosto do meu grupo de trabalho, mas não gosto de depender das pessoas e não gosto que elas dependam de mim. Às vezes tudo que eu quero é fazer algo sozinha, por exemplo. Por isso, acabei me acertando mais com o menino, ao meu ver ele é o mais maduro. Talvez, por ter sido da AIESEC Nacional em Twain e, por exemplo, ter essa experiência de morar com um monte de pessoas. Uma experiência em que a gente tem que colaborar com quem vive com a gente, o que não tem acontecido na minha casa.


Além disso, essa semana acabei fazendo grande parte do trabalho sozinha, com horários exaustivos. Tudo isso, pois para mim é muito importante não apenas estar aqui, mas fazer o que eu tenho para fazer, ou era, pois agora relaxei. Como disse, não posso mudar o mundo sozinha. E tenho que entender que as pessoas têm tempos diferentes. Vou tentar relaxar essa semana. E isso é mais fácil depois de ter visto o mar lindo ontem e hoje, pois quando eu olho para ele eu vejo que no fundo nada têm muita importância. Só coisas simples, como a natureza e as pessoas que a gente gosta. Simples assim.

Nessa minha experiência não tenho aprendido como as pessoas são diferente, mas sim como as pessoas são parecidas. Ontem em Cefalú, estávamos olhando o mar e Kelvin me falou que a última vez que ele viu o mar foi com a ex-namorada dele, que ele ainda gostava dela, mas ela estava com outra pessoa. Hoje, ele escreveu na areia um dia relevante para eles e depois tirou uma foto, ele também gravou um vídeo falando “eu te amo” em Mandarin, ele disse que era para mandar para alguém importante algum dia, mas para mim era para ela também. No passado, eu pensava que a gente tinha uma essência, mas que as coisas podiam mudar dependendo da nossa cultura. Hoje eu vejo que as coisas dependem muito mais da pessoa que tu é, eu moro no RS e não como carne, por exemplo, enquanto o cultural é comer. A menina que mora comigo parece uma típica chinesa, super quieta e tal, mas tenho certeza que tem gente da mesma cidade dela que é completamente diferente. Bourdieu diria o contrário, que “tudo” é cultural, não sei , pode ser para os bens que nós consumimos, as escolhas que fazemos, mas a nossa personalidade acho que é uma coisa nossa e única e talvez realmente existam estágio diferentes. E de qualquer maneira, o mundo está cada vez mais parecido. A história que eu ouvi a vida inteira, que os chineses comem gatos e cachorros, por exemplo, é mentira. Eu acho que as pessoas em essência, são realmente parecidas

Nobodysay it was easy...(19.01 - 18:27)

Ninguém falou que seria fácil fazer um intercâmbio. Nem eu queria isso, por isso escolhi algo que realmente achei que ia ser um desafio. Sou líder de um grupo de quatro pessoas, uma da China e dois de Twaian. Só isso por si já seria um pouco complicado. Temos o objetivo de recolher determinada quantia de Euros para uma ONG o que não é pouco. Várias vezes por dia eu penso em desistir de tudo e ir viajar, pois em Palermo tudo é burocrático e difícil. E nós não temos muito tempo. Muitas vezes às pessoas não se esforçam para entender, ou, as que podiam ajudar não ajudam.
Acordei cedo todos os dias dessa semana e cheguei tarde em casa também, mesmo assim as coisas não estão como eu gostaria. Tento ficar calma e pensar que tudo vai dar certo no fim. Que de qualquer maneira essa experIência está me fazendo crescer em todos os sentidos, pois todos o dia é um desafio. Mas ao mesmo tempo me sinto um pouco frustrada, pois não sei se consigo passar para o meu grupo essa vontade que eu tenho de que as coisas dêem certo. Mas para eles parecem que isso não importa muito. Eu sei que tem um monte de pessoas que vão para seus intercâmbio e chegando lá e não fazem quase nada, mas não era isso que eu queria fazer. Eu penso que podia ter ido, por exemplo, para África, para trabalhar diretamente com as crianças, mas eu já trabalho diretamente com isso no Brasil. Então, não era isso que eu queria fazer. Talvez, teria sido melhora trabalhar com Educação, mas isso nós vamos tentar fazer aqui, eu acho.
Além de trabalhar, eu convivo quase o tempo inteiro com o meu grupo. Como eles só falam inglês, eles não conseguem se virar muito bem aqui na Itália, ninguém quase fala inglês aqui. Então, eu tenho que ajudar em tudo, decifrar menus, mostrar caminhos. Quem me conhece bem sabe que às vezes eu preciso ficar sozinha, mas a Chinesa que mora comigo, tem medo de ficar sozinha em casa, ou seja, onde eu vou, ela vai junto. Hoje argumentei com eles, que eles precisam pensar em boas idéias e fazer coisas por eles mesmo, não esperar que eu sempre diga o que eles tem que fazer. O que a gente costuma chamar de pró-atividade. Mas acho que somos bem diferentes. Apesar de um deles ser mais velho que eu, eles trouxeram um monte de coisas como cuples nudlles e bolachinas com desinhos chineses estampados. Eu gosto deles, eu juro que gosto, mas tenho dificuldade de lidar com pessoas que tem dependência de mim. Eu acho que as pessoas se somam, não gosta da sensação de depender de alguém e de certa forma não gosto que as pessoas dependam de mim. Eles pedem minha ajuda para tudo, até para ascender a luz do fogão. E tudo perguntam para mim, onde vamos comer, que horas, que horas vamos sair de onde estamos. A única coisa que eles resolveram se manifestar hoje foi para dizer algo como que achavam que nós não precisávamos trabalhar tantas horas. Eu também gostaria, mas as coisas não são fáceis...Mas enfim, se as coisas não tivessem sendo tão difíceis eu não estaria vendo tanto meus limites, me conhecendo, crescendo.
Agora é dormir e ver se as coisas melhoram amanhã! Vamos com calma. Outra coisa que aprendi, o mundo gira por si só. E nem tudo está em nosso controle.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Pasta e Pizza no R.U.


Bom, nós combinamos às 11h, então eu tive que acordar às 10h, foi difícil, depois de tantos dias acordando às 15h, mas eu consegui. Visitamos lugares lindos, como a Catedral de Palermo, a Praça da Independência , a estação de trem e um antigo castelo. Palermo é realmente uma cidade encantadora, com um trânsito confuso, para mim ainda é muito difícil apenas ir em frente na rua e esperar que os carros parem.








Meu TN manager me disse que não gosta de Palermo, acho que é a mesma relação que eu tenho com Santa Maria, um lugar confuso. Moram um milhão de pessoas aqui, mesmo assim, eu ainda acho uma linda cidade e gosto, por exemplo, da confusão do meu bairro. Falando para ele sobre o Brasil e o “preconceito” que temos com o nordeste, como “eles são preguiçosos” e etc, ele me disse que o mesmo acontece na Itália, o Norte é mais desenvolvido e eles pensam que no Sul as pessoas só vão para a praia e tomam sorvete. Achei divertido.



No almoço, comemos: sanduíche! Mas não é como o sanduíche do Brasil o pão é diferente e muito bom e eu escolhei um de salmão, que vinha com cebola, alface e era bem apimentado. Bom, depois fomos a uma loja que como as lojas do Brasil vendia tudo por 1 Euro e eu pude finalmente comprar materiais de limpeza =) Comprei alvejante, amaciante, sabão, esponjas e...PRATOS! Sim, é muito estranho, como quase tudo nessa casa, mas eu tenho algo como 0921981982 copos e nenhum prato.


Eu fiquei REALMENTE muito feliz. Chegando em casa fomos testar a máquina e é estranho, pois ela não mostra o ciclo da roupa, então eu realmente não sei o que está acontecendo. Depois, ela apita, apita, apita...É como a luz, e a geladeira que congela tudo, e o ar condicionado que até hoje não sei onde está o controle.


Bom, meu TN manager foi embora e eu comecei a de maneira obsessiva limpar e organizar tudo, pois não posso viver em um lugar assim. O armário da sala era uma bagunça, um milhão de copos espalhados e tudo com tudo. Então, eu tomei a liberdade de fazer uma gaveta para ferramentas e etc, outras para enfeites que não quero usar, outra para fotos, coisas de mulher e de criança, outra para chás e um lugar para a comida. Além, de lavar e enfileirar todos os copos, xícaras e etc..Sério, me sinto em outro lugar agora. Não é só limpar e organizar cada detalhe, é colocar minha energia em cada coisa e talvez, as coisas comecem a funcionar agora.


Mas não tive muito tempo para terminar as coisas, pois o meu TN Manager veio aqui de novo para nós jantarmos. Então eu fui com ele no “R.U.”. O R.U. da Itália é muito divertido, pois com um euro e meio à noite eles podem comer uma porção de fritas, escolher uma lata de refri, água, cerveja ou uma caixinha de vinho e mais uma pizza. E é uma pizza bem grande, maior que as congeladas como Sadia no Brasil. No almoço, eles sempre comem Pasta, com algum molho e carne. Sério, não vi muita gente a cima do peso. Então, penso que a genética deles é acostumada com esse tipo de alimentação, meu TN Manager disse que os Italianos comem isso há centenas de ano. So, ok. Comemos a pizza vegeteriana, que é espinafre, queijo, cebola, pimentão, funghi e óbvio tomate. Pois, toda pizza na Itália tem tomate, segundo meu TN manager se não tem tomate, não é uma pizza Italiana. Falei para ele sobre nossas pizzas, como de sorvete e strogonoff e óbvi oque ele achou estranho.


Na Universidade tem uma pizza que se chama “Americana” que é uma pizza com batata frita e bacon. No almoço, fomos a um lugar com fotos da Marlin Monroe e que passava Simpsons na TV. Isso me fez pensar que a influência americana não é só no Brasil, mas em todos os lugares do mundo. E que isso faz o mundo cada vez ser mais parecido, enquanto o que é mais interessante para mim são as diferenças culturas.


No caminho de volta falamos sobre mais diferenças entre ao países e sobre lugares como Auschewitz. Eu disse que era um lugar que eu não gostaria de ir, eu sei o que aconteceu lá sei o quanto é triste, mas acho que não preciso ir lá para saber o que aconteceu. Meu TN Manager disse que tinha ido lá que achava importante, para que isso não acontecesse de novo. Acho que talvez isso sirva para algumas pessoas, realmente, mas acho que eu não preciso passar por isso. É aquela velha coisa que eu penso, a gente pode aprender pelo amor ou pela dor. Mas tudo bem, pelo menos concordamos que era estupidez visitar Chernobyl.
Em casa continuei minhas limpezas, lavar roupas e etc. Consegui limpar toda a cozinha e a sala, incluindo os vidros, chão e até mesmo a pá e outras coisas que compõem o ambiente. Acho que aos poucos tudo vai se acomodando agora até que meus colegas de projeto cheguem :)

Perdida em Palermo...achei um Mc Donalds!

Domingo - 08 de janeiro


Algo como 9h da manhã alguém bate na minha porta, eu abro a porta e a pessoa faz uma cara de espanto e diz que errou o apartamento. Não é a primeira vez que isso acontece, então estou chegando a conclusão que talvez eles vendam algo nesse apartamento. Ou, realmente não sei porque isso acontece. Bom, voltei a dormir. Acordei tarde como sempre, pois Ibrahima veio aqui. Ele falou que um homem veio aqui de manhã para arrumar o meu chuveiro só que ele bateu e eu não acordei.

Achei muito estranho, pois eu abri a porta para essas duas outras pessoas, então eu ia ouvir se ele tocasse. Mas tudo bem, de novo. O que eu podia fazer e o que ele podia fazer? Dependia do dono do apartamento chamar alguém, então ele foi falar com o dono e ele me deu um balde de água quente. Ok, tomar banho de balde. Realmente, muito chique minha vida na Itália. Tá, estou sendo irônica, mas foi tranqüilo.


Ibrahima foi para casa e como meu TN manager ia chegar naquele dia em Palermo, ele ia vir aqui na minha casa às 20h. Só que eu queria ir ver o concerto da Orquestra Sinfônia, a princípio eu achei que ia ser na praça, só depois, entendi que ia ser no teatro mas com transmissão na praça. Era às 18h. Eu sai pelas quatro e meia e eu realmente sai confiante pensando que eu podia ir lá sozinha. Então, comecei a andar e guardar mentalmente cada esquina que eu dobrava. Olhei algumas lojas no caminho e comprei algo que eu realmente estava precisando: uma pantufa! Sim, eu não coloquei isso na mala e me fazia muita falta aqui!


Também procurava um lugar para comer, pois eu só tinha tomado café da manhã pelas 3h da tarde. Bom, como eu não via o lugar resolvi perguntar pela praça ( pois não sabia o nome da praça) e o homem que perguntei achou que era outra praça e falou que era logo em frente. Bom, não era a praça que eu procurava, mas era um lugar muito bonito, como não tinha comida, resolvi comer um sorvete. Bom, é difícil achar comida, mas tudo aqui é maravilhoso. O sorvete é inexplicavelmente bom. Sorvete mesmo, não doce. Tem gosto de morango e de cacau ( comi morango e chocolate). Tudo que eu comprei no super era ótimo também, iogurte, biscoitos integrais, queijos...
Continuando, depois do sorvete resolvi voltar e tcharanran: quando eu vi estava na praça certa. Eu estava realmente feliz de estar na praça certa, mas por outro lado um pouco confusa, pois eu não sabia como tinha chegado lá, já que só quis voltar de onde eu tinha vindo. Bom, achei melhor ficar lá olhando o concerto e depois pensar nisso. Era um concerto muito animado, com um monte de crianças vestidas de Mickey e Minnie cantando as músicas em italiano dos filmes da Disney, bons cantores e bons dançarinos também.


Quando estava quase na hora do meu TN Manager vir aqui, resolvi ir embora. Por sorte, não sei como, achei um dos meninos que trabalha na ONG que fui quinta, um Húngaro, então ele me explicou mais ou menos. Na verdade, eu estava bem longe, então ele me explicou a primeira parte. No meio da primeira parte achei algo muito conhecido: um Mc Donalds! Tem MC em SM e eu quase nunca como isso, só que eu não agüentava mais comer sanduíche. Então comprei um mc fish, com fritas e coca-cola para “portare”, fico muito feliz quando falo as coisas aqui e as pessoas me entedem! Depois, fui com o meu MC perguntando para outras pessoas. Finalmente, quando eu estava quase chegando em casa, encontrei meu TN manager, acho que ele ficou preocupado quando veio aqui e eu não estava.
Bom, então conheci meu TN Manager. Ou, a pessoa responsável por mim aqui na Itália. Como todas as outras pessoas que conheci aqui, achei ele uma pessoa muito legal. Ele fez intercâmbio para a Romênia pelo programa Erasmus e conhece um monte de lugares na Europa. Então, podemos trocar informações sobre Europa, Brasil e etc. Combinamos de ir visitar alguns lugares históricos na segunda-feira....

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Jogatinas na Itália


Agora que acho que já estou mais adaptada a Itália, tudo fica mais fácil. Ou quase isso. Bom, continuando os relatos dos meus primeiros dias na Itália, na sexta-feira à noite a Laura passou aqui para irmos a uma festa na casa de uma amiga dela. Eu não sabia bem como ia ser, mas depois ela me explicou que íamos a casa dessa amiga para jogar cartas, algo muito tradicional aqui no final das férias.

Um amigo dela passou aqui com ela e fomos para o lugar, era no centro da cidade. Saindo um pouco de onde eu moro, posso ver como Palermo é uma cidade linda. O lugar que eu moro que é um pouco, na verdade, bem confuso, mas depois eu falo disso. A menina morava em um prédio. Mas era uma construção muito antiga, porém muito bem conservada. Dentro da casa tudo era muito antigo, conservado e lindo. Cheio de detalhes, como coleções de louças e coisas assim. E a decoração de natal permanecia montada, cheia de bibelôs natalinos. Na primeira sala, lugar para colocar os casacos. Na segunda, uma grande mesa com muitas comidas, que na verdade eu nem vi direito, pois ninguém comeu. Embora, Laura e o amigo tivessem levado um panetone e vinho.

No centro da outra sala uma grande mesa para a jogatina. Era um jogo muito simples, o banco contra o resto da mesa e basicamente dependia da sorte de cada um na hora de tirar as cartas,todos apostaram quantias, mas no máximo 20 euros, a maioria das pessoas apostou 5 ou 10 euros. Foi divertido, os italianos são pessoas muito alegres e eu conseguia entender o que eles falavam, quando eles não falavam todos ao mesmo tempo. Aquela história de eles gesticularem o tempo todo é mentira. Não é tanto assim, aquele sinal com a mão que tanto imitam significa “ O que tu quer?", então eles não fazem isso o tempo todo. Realmente, às vezes eles falam alto e são bem expressivos, mas para nós brasileiros isso é comum eu acho.

Depois disso, jogamos outro jogo que é um pouco parecido com dorminhoco. Porém, se as pessoas morrem três vezes tem que sair do jogo e tentar convencer alguém que ainda está no jogo a ficar. Eu fiquei até a final no jogo e era muito engraçado eles tentando falar comigo, tentavam espanhol ou coisas como “caipirinha”. E também, pela sorte, falaram algo sobre a “macumba” vir do Brasil, já tinham me perguntado outra vez sobre magia negra no Brasil. Realmente, não sei de onde eles tiram esse tipo de informação. Sábado alguém me falou que era estranho eu ser do Brasil, porque eu era branca. Outra pessoa já tinha me falado também, sobre a maioria das pessoas serem negras no Brasil. Deve ser por causa do carnaval, penso eu.

Bom, mas continuando, cheguei na final do jogo mas perdi para um italiano. Perdi a chance de trazer uns 20 euros para casa. Tudo bem, foi uma noite muito divertida igual. É engraçado para mim, mas os estudantes não bebem tanto quantos os brasileiros, cada um lá tomou algo como dois copos de um bom vinho e tudo certo, pelas 2h30m já estávamos em casa.

Tinha esquecido de contar, mas minha luz caiu de novo. O problema é que toda vez que tento ligar o aquecedor da água do banheiro, cai tudo. Mesmo, desligando todas as outras coisas. O que eu ia fazer? Não consegui tomar banho. Quando voltamos, a Laura subiu aqui e conseguiu ligar as luzes de novo. Menos mal. Pois, eu tinha que iluminar tudo com a bateria do meu computador que ia acabar.

Para piorar as coisas, sim algo sempre acontece comigo, depois de ligar as luzes eu fui colocar meu computador para carregar e isso não funcionou. Eu não sabia se o problema era na entrada do PC, ou na bateria. Mas eu achava que o pino da entrada tinha ido para dentro. Então, eu teria que comprar uma bateria nova e testar. Porém, nesse momento, eu pensei que eu poderia tirar o negócio em volta da bateria que ela ia entrar dentro e talvez conectar. Sim, eu consegui tirar com um alicate, porque era borracha e isso funcionou. Me senti um gênio de conseguir resolver esse problema tecnológico sozinha. Então, fui dormir mega feliz, vendo clips em um canal que recentemente descobri que é Polonês, achei que era Alemão, pois eu não entendia nada. Mas quando meu TN Manager veio aqui e me perguntou se era Português eu notei que não era Alemão e raciocinei dois segundos e vi que era óbvio que era Polonês, pois o nome do canal é "Viva Polska". So, viva a polônia!

Ainda sem Luz na Itália...ou na Índia

Bom, acordei no sábado pelas 15h e o Ibrahima ia vir aqui às 16 para nós sairmos. Então, de novo, eu tentei tomar banho e tudo caiu. O que fazer? Tive que tomar banho um pouco frio. Tudo bem, não foi o fim do mundo e o dono do apartamento ia tentar mandar alguém aqui. O problema é que era sábado.

O Ibrahima veio aqui e saímos, fomos a alguns lugares tradicionais e muito bonitos daqui. Não é muito fácil tirar fotos, pois todos são grandiosos e minha máquina não é muito potente. O centro é muito lindo, construções antigas e bem conservadas e lojas modernas como a Zara, Louis Vuitton,Prada.. Está tudo em liquidação aqui e é impossível não comprar, pois é muito barato em comparação ao Brasil. Mas eu realmente não queria comprar muita coisa, porque não tenho onde levar. A primeira coisa que comprei foi uma camiseta para o meu irmão e depois um casaco de inverno.

Bom, depois já era tarde e nós precisávamos comer. Isso foi realmente um problema. Eu achei que a coisa que eu mais ia achar na Itália eram lugares com pizza e pasta. Mas é difícil achar algo como um restaurante por aqui e eles são muito caros, algo com mais de 20 euros uma refeição e óbvio que não funcionam o tempo todo. Mesmo assim, é realmente difícil ver um restaurante em algum lugar, são poucos. A maioria dos lugares vende “Gelato” ( sorvete) que eles comem mesmo no frio.Eles são realmente maravilhosos, perfeitos, indescritíveis. Se é morango, tem gosto de morango, se é chocolate, tem gosto de chocolate, não que nem no Brasil que é doce e não tem realmente o gosto das coisas. Bom, outra coisa que eles tem muito aqui são como cafés ou padarias com uma grande variedade de lindos e delicados doces.

Bom, eu gosto de doce, mas não tanto assim, então é difícil comer. Sim, é difícil comer na Itália. O Ibrahima é da Costa do Marfim, então ele como comida africana aqui em Balaro e tudo bem. Sim, o que mais tem em Balaro é comida da África e Índia. Eu gosto até, mas a maioria das coisas tem carne e é muito apimentado. Realmente, eu preciso comprar um gás e cozinhar e em algum dia especial ir a um desses restaurantes expansivos.

Bom, por sorte achei um lugar que vendia pizzas e comi um pedaço ( grande) de uma delas de queijo e champignon e estava bem boa. Mas acho que no Brasil temos pizzas tão boas quanto aqui. Depois disso, vim para casa, eu realmente precisava lavar meu cabelo. Então, Ibrahima falou com o dono do apartamento ( ele só fala francês), mas ele não podia fazer nada por enquanto e um homem ia vir domingo de manhã arrumar as coisas. Então, ele me deu um balde de água quente da casa dele ( :l). Eu realmente, estava um pouco indignada com a situação no início, mas depois me conformei. Como eu já tinha tomado um rápido banho ( frio :T), lavei meu cabelo com canecas na pia ( :l). Uma nova experiência na minha vida, mas tudo bem.

Bom, pelas 10 horas um monte de gente apareceu no meu apartamento, eles eram da aiesec e tínhamos um encontro em um bar perto da minha casa. Segundo eles, lá a bebida é muito barata. É possível comprar uma garrafa de “Bomba” algo como conhaque, com gym, rum e outras bebidas por 5 euros. Não é tão ruim, é um pouco doce. Lá eu conheci outras pessoas da AIESEC, mas nem todas falam inglês. Eles me falaram que o bairro em que eu vivo as casas destruídas são da segunda guerra mundial e que não há muito investimento aqui , além disso, brincaram que é como na Índia. Realmente, senti isso. É um lugar com muitas feiras, então fica muito lixo pelo chão e tem animais, carros, motos, bicicletas, tudo. O trânsito em geral aqui é confuso, mais uma vez eles me falaram que tenho que ser confiante para atravessar a rua, pois se eu for confiante os carros vão parar, se eu tiver medo nunca vou conseguir atravessar. É, "viva a faixa não existe aqui. Falamos sobre o Brasil, sobre a Itália, para variar, me ensinaram algumas expressões “feias”.

Depois, fomos comer algo, em um lugar como aquelas grandes padarias que eu já falei. Comi algo que é como um sanduíche, só que muito melhor, pois o pão aqui é muito bom, nesse caso parece pão sírio. De novo, pelas 2h30m eu já estava em casa. Realmente, pelo menos até agora acho que o pessoal não faz festa como no Brasil aqui. Mas é ótimo estar aqui de qualquer maneira.

Beijos da Itália :)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Inglês, Francês, Italiano, Espanhol, Português...

Bom, hoje foi um dia interessante, mas um pouco triste também. Bom, de manhã viemos a Palermo para fazer a injeção para Malasia. Bom, como tudo em Itália, eles falaram muito antes disso e em parte pouca disso minha amiga não precisou pagar por isso. Ahh, antes disso, acordamos 7h, realmente muito cedo, ainda mais se eu pensar que no Brasil eram 4h. Rosalinda me deu alguns cartões da Índia, então eu dei a ela uma lembrança do Brasil que comprei no aeroporto do Rio, é um ímãn do Brasil com algumas imagens típicas, como índios e etc. Mas é bem bonitinha! Eu sabia uqe ela ia gostar, pois ela falou que gostava dessas coisas quando estávamos em Monreale. Ela realmente gostou e eu também gostei dos meus cartões da Índia. Bom, dei tchau para a mãe dela e viemos para cá. Uma coisa estranha para mim é que “ciao” em italiano , ou como se diz no Brasil “tchau” , é oi aqui, isso me faz me confundir um pouco. Outra coisa diferente, é que os homens se dão beijos para cumprimentar, eu não consigo imaginar os brasileiros fazendo isso.

Fizemos a vacina e fomos a casa Ibrahima. Então, eles falaram algumas coisa em Italiano e Rosalinda deu tchau e foi embora. Bom, eu esqueci de contar, mas eles brigaram de se xingar e gritar no telefone, mas acho que isso é normal aqui. Bom, então eu e Ibrahima comemos algo no centro. Uma comida típica, mas segundo ele foi muito caro, eles nos cobraram dois euros pela “copertura”, ou seja, pela guardanapo talheres e etc da mesa. Eu já tinha lido que no meu livro que eles cobram em alguns lugares mais caro para quem está sentado do que em pé, mas igual é muito estranho para mim ter que pagar por isso, mas tudo bem. A comida estava maravilhosa, era berenjiela. Berinjela um pouco agridoce. Berinjela com algo como molho de tomate, pão, água, berinjela recheada com um tipo de queijo e berinjela frita. Bom, eu amo berinjela. Então, tranqüilo. Bom, conheci o local onde eu vou viver, é muito perto de onde Ibrahima mora e da universidade. Mas os universitários estão de férias e só voltam segunda para as aulas. Inclusive meu “buddy”. Fiquei muito triste quando Ibrahima me falou isso, porque eu não consigo falar muito bem com ele, como ele não fala inglês bem. E meu buddy Giovani, fala inglês. Fiquei com muito medo de ficar sozinha.


Bom, o bairro que eu vivo é como um bairro de estrangeiro. O local onde o Ibrahima mora é uma pensão bem rigorosa para estudantes, eu conheci algumas africanas lá, a maioria deles fala francês. Ahhh, Ibrahima é da Costa do Marfim. Yes, o mundo mora aqui onde eu vivo. O nome do lucar é “Baloro” mas ele me falou que não é perigoso. Mas igual eu tenho um pouco de medo, eu durmo sozinha em Santa Maria, mas aqui é um lugar estranho. É estranho dormir sozinha em um lugar estranhho. Mas aqui estou eu, confiando, aceitando e agradecendo! E tenho certeza que tudo vai dar certo.



Depois, vou colocar fotos da minha casa. Tem um grande quarto, com uma grande cama, e uma TV que só pega canais italianos, e depois tem uma sala com um sofá grande preto, que é onde estou agora, eu acho melhor dormir aqui, tem uma TV que pega canais do mundo inteiro, inclusive da Igreja da EU gosto de olhar, pois passa o noticiário do Brasil, no resto do tempo eu gosto de ouvir música, pois canso de falar tantas diferentes línguas. Sério, queria muito ter alguém para falar em Português.


Bom, continuando, viemos para o apartamento, eu gostei, mas fiquei com um pouco de medo, pois como eu já contei, Palermo é uma cidade grande, e aqui parece um lugar mais pobre. Mas eles disseram que era tranqüilo, há muitos bares aqui perto de estudantes, então tem muito barulho de noite, por isso acho que vou dormir com a musica da TV baixa. Bom, quando ele me falou eu ia ficar aqui eu quase chorei, pois falei era eu achava melhor ficar na casa de Rosalinda, não sei me sinto mais segura lá e queria voltar. Ele me disse algo que ela era só para resolver o problema, mas que agora eu tinha uma casa, e que se eu chegasse e tivesse uma casa já eu ia viver aqui. Eu sei que ia ser uma forma de adiar o problema realmente e ter uma casa me dá uma certa independência, mas eu confesso que ao mesmo tempo eu queria a segurança de ter uma família. E como Rosalinda está formada em economia, mas vai começar a trabalhar em fevereiro poderíamos ir a alguns lugares. Mas aí entendi o real problema, ele não confiava nela totalmente por alguns motivos, para me deixar com ela.Então, tudo bem. O que eu poderia fazer?

Bom, então para melhorar as coisas ele trouxe o cartão da internet para eu entrar, nossa, se eu tivesse internet, tudo seria mais fácil, então acho que vou pagar por isso, é melhor para mim. Mas amanhã é feriado, então não sei quando vou conseguir issso, acho que vou pedir para ele de novo. Depois, ele falou com uma ex namorada dele e ela veio aqui às 16h e eu fui com ela na ONG que ela trabalha. É uma ONG aqui no local onde eu moro para pessoas de fora da Europa que vem para a Itália. Muita gente da África, Países Árabes e Índia. Eles têm aulas de italiano, lugar para tomar banho, um bazar com roupas usadas, mas em bom estado, médico e advogado. Além disso, tem alguns quartos com pessoas como refugiados políticos. É um lugar muito interessante com pessoas de todas as partes e eu conheci outros três voluntários lá. Um de Ganah na África, um da Hungria e um da França.

Eu mostrei o site da ONG onde ia trabalhar para Laura, que é a menina, e o menino na Ganah não gostou muito das fotos, segundo ele, as pessaos pensam que a África é daquele jeito, mas aquilo são só vilarejos e comunidades, as cidades são diferentes. Então ele ficou no Google maps mostrando a sua cidade,que é muito bonita alias. O menino na Hungria falou um pouco mal do pessoal de Budapeste e o menino da França quando eu falei sobre o Brasil sabia sobre a Usina de Belo Monte. Achei muito interesante, muita gente no Brasil não sabe disso, mas na França eles sabem. É incrível. Esqueci de falar, quando falo com Laura falo em espanhol, porque ela sabe espanhol, mas não italiano. É muito estranho quando eu quero falar italiano sai em espanhol e quando eu quero falar em espanhol sai inglês, pois parece que meu cérebo está treinando para isso. Mas tudo bem, a gente dá um jeito. E a gente consegue se comunicar, pois existe muita coisa na comunicação humana além de falar.

Eu não contei outra coisa, quando sai de casa eu puxei a porta e não sabia que isso trancava a porta. Então, a chave da minha nova casa estava trancada dentro de casa. Tivemos que chamar um francês vizinho para resolver isso e eles subiram na minha sacada para abrir, pq eu moro no segundo andar. Quando eu vi tinham quatro pessoas falando em francês na minha casa e tentando se comunicar comigo, explicando coisas sobre os canais da TV e etc. Aprendi algumas palavras em francês, que eu já esqueci. É difícil absorver tanta coisa. E são só dois dias.
Bom, depois do trabalho a Laura veio aqui e foi comigo no supermercado. A gente combinou de sair. So, depois de tudo isso, eu tomei um banho na minha casa. Tava quente, tudo ok. E eu estava muito feliz com as coisas que comprei, comida é barato aqui. Mas eu preciso comprar coisas de casa como sabão e etc. Ahh, eu tenho uma máquina de lavar! Ebaa!
Antes do meu banho, levei um baita susto. Achei que eu tinha perdido 200 euros, que não estavam onde eu achei que estava, só achei depois do banho e quase chorei de novo, ainda não chorei na verdade, mas quase iuhiuh. Mas estou tentando me manter calma, confiar, agradecer, pensar que vai dar tudo certo. Como agora, esta ventando muito, mas vou tentar dormir tranquilamente, amanhã é feriado aqui e vamos olhar uma apresentação cultural.
Ibrahima esteve aqui antes para me dizer que Laura não podia sair, pois teve um problema em seu carro. Por mim , tudo bem. Eu preciso dormir realmente. Amanhã vou dormir!! Bom, mas fomos tomar uma cerveja. Mais uma surpresa. Vou ser a líder do meu time, falamos sobre o projeto, como arrecadar os fundos para a ONG. É realmente um grande desafio, mas era justamente isso que eu queria no meu intercâmbio, então aqui estamos. Acho que pode ser mais fácil falando com o outro menino da AIESEC Santa Maria que também vai fazer esse projeto em Veneza e outras pessoas que vão fazer o mesmo projeto em outras cidades da AIESEC Itália! Eu realmente quero conseguir fazer isso. Espero que tudo corra bem, estou a espera dos outros internos para viver comigo e fazer isso. Um from Twain, outro do Egito, outro China! Sim, vou conhecer o mundo inteiro na Itália. Afinal, o mundo é feito de pessoas e elas são muito interessantes. Além disso, achei engraçado que a gente estava no bar e pessoas fumando maconha como se fosse uma coisa liberada, parece que a maconha tem a ver com a máfia e máfia tem a ver com a política, então é assim mesmo.

Venta muiito! Boa noite, obrigada por tudo deus e que eu consiga dormir tranqüila na primeira noite nesse apartamento. Obrigada! Amanhã vou colocar internet ou pedir por isso para ficar mais tranqüila!

=)

Escrevi esse texto ontem de noite, mas foi tudo tranquilo :) Hoje só choveu, então não pude sair de casa. De manhã Laura veio aqui, nós íamos ir em uma missa multicultural, pois hoje é feriado religioso, mas já estava tarde, então acabei continuando a dormir. A igreja (romana) é realmente muito forte aqui e as pessoas acreditam muito nisso.

À tarde, acabou a luz. Pensei que era por causa da chuva, mas depois vi que o meu vizinho tinha luz, quando o Ibrahima chegou com amigos. Eles arrumaram isso e disseram para eu não usar muitos aparalhos de energia juntos. Ok :) Para variar eram várias pessoas falando Francês na minha casa e eu olhando sem entender nada. Depois, uma amiga dele veio aqui e trouxe comid africana que comprou aqui perto. Ela também é da Costa do Marfim. Era um peixe com molho muiito apimentado e outra coisa que eu não sei o nome, mas parecia pamonha. Ela falou que é comida tradicional de Ganah. Eu comi com talheres, mas ela disse que eles comiam com a mão e comeu com a mão. Acho que em alguns lugares na África eles comem com a mão, sem pratos e etc. Pelo menos um menino que esteve no Senegal me disse isso. Estava bem boa a comida :) Agora de noite vou sair com Laura. Então, tchau :)






Cama grande no quarto






Minha TV com 300 canais e a RIT TV :)