terça-feira, 20 de abril de 2010

21 Gramas...

"Quantas vidas nós vivemos? Quantas vezes nós morremos? Dizem que todos nós perdemos 21 gramas no exato momento de nossa morte. Todos. E quanto devem ser 21 gramas? Quanto se perde? Quando perdemos 21 gramas? Quanto se vai com eles? Quanto se ganha? Quanto se ganha? 21 gramas. O peso de cinco moedas de cinco centavos. O peso de um beija-flor. Uma barra de chocolate. Quanto pesam 21 gramas?"

Esse trecho é do final do filme 21 gramas. Já tinha visto ele há muito tempo atrás, mas foi somente depois que descobrir que ele fazia parte de uma triologia composta também por Babel, o segundo que eu vi, e Amores Brutos, o último, que achei que era o momento de revê-lo. Sou completamente apaixonada pelos dois filmes que falei, especialmente pelo Amores Brutos ( amores peros) talvez pq todas as histórias envolvem animais e isso acabou me tocando ainda mais.

Os longas são do diretor mexicano Alejandro González Iñarritu e todos tratam sobre a teoria do Caos, ou seja, pequenos atos que podem gerar consequências inimagináveis em um cenário onde todas as vidas do filme acabam se cruzando. As histórias são fantásticas e é impossível que não surjam inúmeras questionamentos depois de ver o filme. Como definiu o próprio diretor, é uma triologia sobre a perda.
Hoje, em um dia incessante de chuva, peguei a Trip de março que tava por aqui pra dar mais uma olhada, e achei nos textos finais um trecho que fecha com isso. O tema da revista era o erro, e o texto de Luiz Alberto Mendes dizia o seguitne " Erra-se por décimos de segundo e se sofre por décadas de consequências. Porém, não creio que o sofrimento transforme suas vítimas em pessoas melhores". O que ele quis dizer é que a dor como não funciona como instrumento de aprendizado, a não ser que se tenha a consciência do erro, na maioria das vezes ela apenas acovarda e desespera. É preciso muito mais do que isso, é preciso aprender que a dor que nos massacrou massacrará o outro também com a mesma intensidade com que nos machuca. Isso sim é uma descoberta surpreendente, e esse, para o autor, o berço da compaixão.
Enfim, todos nosso atos terão consequencias, muitas vezes jamais imaginadas. Principalmente pq raramente os nossos atos não interferem de uma maneira ou outra na vida de outras pessoas. Não errar é impossível, porém, a mente sempre vai querer absolver, justificar e acomodar os fatos. A importância de manter ativa a lembrança do erro sem justificativas, talvez seja o modo de sermos mais conscientes dos nossos atos. Sei que não existe o "certo" ou o "errado". Mas falo no sentido daqueles nossos atos que podem magoar e interferir negativamente na vida de outras pessoas. Ontem falei tanto de amor e acho que o amor tem muita da compaixão, esse conseguir enxergar que o lado do outro. Não acredito em um amor sozinho, acho que o respeito, o conseguir ver o outro e se colocar no lugar dele, dos sentimentos dele, é requisito básico dele.

E como a vida é simplesmente isso, 21 gramas. Uma fragilidade que pode ser rompida a qualquer momento, pq não sermos mais consciente delas em todos os momentos, conscientes da sua preciosidade e do quanto podemos fazer elas melhor para nós e para os outros.

Afinal, o que é 21 gramas ? Uma moedas de cinco centavos, uma barra de chocolate, um beija-flor, uma gargalhada, um instante de esquecimento, uma decisão tomada, uma chuva, uma alma?

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