quarta-feira, 9 de junho de 2010

pelo verdadeiro progresso

Santa Maria um dia foi bonita.Santa Maria um dia foi nobre, foi política, foi cultura. Santa Maria um dia recebeu Getúlio Vargas e o carregou nos braços pela principal avenidade da Cidade enquanto todos balançavam flores amarelas.
Embora pareça sonho, tudo isso foi verdade. Cansei de dizer que Santa Maria é feia, suja e desorganizada, mas nunca tinha parado pra pensar que Santa Maria um dia tinha sido bonita. Até que alguém de 87 anos me contou tudo isso, das pedrinhas brilhosas e juntinhas iguais as do Rio de Janeiro, das árvores, das flores, dos bancos, do local agradável que o coração da cidade era.

Sou bastante pessimista em relação ao mundo e fatos como esse reforçam o meu pessimismo. Esse lugar que um dia foi tão lindo e agradável, hoje é o retrato do caos. Não só pq os prédios lindos e antigos estão abandonados, mas pq o centro de Santa Maria consegue reunir quase todos os problemas sociais. Da pobreza da cidade vieram os camêlos que taparam totalmente esse canteiro que se vê na foto, o descaso das autoridades fez com que os bancos apodrecessem, as luzes queimassem e os monumentos ficassem escondidos no meio de uma vegetação mal cuidada. Como tudo no mundo é interligado, a decadência do centro, gerou a decadência do comércio e estabelecimentos dos mais duvidosos se apossaram da avenidade. Depois da parte cortada pela Vale Machado então, a situação fica mais decadente. São diversas casas noturnas, prostituição a preços que só compram um saco de feijão e um de arroz, ou então uma pedra de crack, consumo de drogas, assaltos, estupros e nos últimos cinco anos duas mulheres mortas em briga com outros mulheres, pasme, mortas com faquinha de serra. Além disso, nos próprios camêlos se encontram diversas atividades ilegais, tráfico de armas, drogas, remédios proibidos, pílulas abortivas, "tamiflu" na época da gripe H1N1 e por aí vai.
Não vou nem entrar no mérito da questão se os camêlos devem ou não sair dali, se o tão sonhado projeto de revitalização da Rio Branco vai dar certo.Quero falar dessa decadência da qual começei a falar no início do texto. O centro de Santa Maria é o próprio caos e um pedaço do inferno. Resgatando o último texto que escrevi, ele só mostra o que esse nosso crescimente todo gerou. Santa Maria hoje é uma cidade pobre, não tem indústrias. Mas será que ter indústrias é o único caminho para termos desenvolvimentos?
Santa Maria já foi uma cidade como disse política, cultural e bonita. O que afinal de contas mudou? Santa Maria já foi considerada a cidade cultura, e até hoje leva o título, embora ele já não o pertença mais há anos. Talvez o que falte na minha opinião seja isso, edução e culura. Uma idéia de primeiro mundo tá certo, mas que pra mim é o verdadeiro desenvolvimento. Não acho que pra gente crescer a gente tenha que ter grandes empresas de fumo, de refrigerante, de carro, de álcool...Bem pelo contrário, acho que não devemos ser os consumidores e cidadãos, como cita Canclini, que hoje somos, não temos que consumir para nos sentirmos pertencentes a sociedade, se encaixar em um grupo, acho que temos que consumir para SER. Consumir para ser, sobretudo, é bom para o meio-ambiente.
Mas como consumir para ser? Ao invés de basearmos nosso sistema economico em venda de bens descartáveis, de felicidades líquidas que prejudicam nossa saúde corporal e mental, devemos investir naquilo que pode trazer a nossa qualidade de vida. Filmes, livros, boa comida ( que tenha levado TEMPO para ser feito e de preferência de alimentos produzidos na própria região), bons programas, boa música,contato com a natureza, turismo, teatro, atividades físicas, serviços, educação, cursos, bons programas de tv, boas revistas, locais agradáveis para conviver com outras pessoas, produtos que contribuam para todos esses momentos (material para praticar esporte, por exemplo) mas que sejam feitos respeitando a natureza...Enfim, tudo aquilo que pode nos deixar feliz, que pode gerar emprego,que não prejudica o meio-ambiente com seu consumo, aquilo que nos faça aproveitar o momento em sua totalidade e não ficar adiando pra depois o dia em que seremos felizes por causa de alguma coisa. E tudo isso com certeza leva à qualidade de vida da população.
Se hoje vivemos na epidemia do alcool e da droga, sem querer ser careta mas já sendo, precisamos descobrir em que momento perdemos a capacidade de ser feliz simplesmente e completamente o tempo todo, ou seja, em que momento nosso ideal de felicidade falhou. Precisamos adimitir que nosso sistema é fálido. Afinal, são casões? carrões? É a aparência que nos deixa feliz? É utilizar bens que foram feitos por pessoas mal pagas? É saber que o mundo inteiro está indo por água a baixo pra isso? Eu penso, outro desenvolvimento é possível, eu queria ver a Rio Branco linda novamente.

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